26/01/2023

CERTÍSSIMO: OS BANDIDOS MAIS PERIGOSOS DO PAÍS SÃO 'ABRIGADOS' EM BRASÍLIA

Com Marcola e Fuminho, presídio no DF volta a abrigar 'nata' do crime de SP

O preso Gilberto Aparecido dos Santos, o Fuminho, não via o comparsa Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, desde o final dos anos 1990, quando fugiu da Casa de Detenção de São Paulo. Depois de 24 anos separados, ambos voltam a se encontrar na Penitenciária Federal de Brasília.

Apontado como número 1 do PCC (Primeiro Comando da Capital), Marcola estava no presídio de Porto Velho desde março do ano passado, mas foi removido para a unidade ontem (25), quando completou 55 anos de idade. O anúncio da transferência foi feito no fim da tarde pelo ministro da Justiça, Flávio Dino.

Condenado em outubro do ano passado a 26 anos por tráfico de drogas, formação de quadrilha, posse e comercialização de armas, Fuminho, 52, cumpria pena na Penitenciária Federal de Catanduvas (PR) e foi levado recentemente para Brasília.

Ele também responde a processo no Ceará por envolvimento nos assassinatos de Rogério Jeremias de Simone, 41, o Gegê do Mangue, e Fabiano Alves de Souza, 37, o Paca. Ambos foram mortos a tiros em fevereiro de 2018, acusados de desviar dinheiro da facção.

Fuminho é o "braço direito" de Marcola, segundo o MP-SP (Ministério Público do Estado de São Paulo). Ele ficou 21 anos foragido. Considerado um dos maiores narcotraficantes do Brasil, foi capturado em abril de 2020 em Maputo, capital de Moçambique, na África.

No final de 2018, quando ainda era procurado, Fuminho foi acusado pelo MP-SP de coordenar um plano para resgatar Marcola e outros chefes do PCC recolhidos na Penitenciária 2 de Presidente Venceslau, na região oeste de São Paulo.

Segundo promotores de Justiça, a ação de resgate previa o uso de avião, helicóptero, mercenários treinados, explosivos para destruir muralhas do presídio, veículos blindados e armamento pesado, inclusive metralhadora ponto 50, capaz de derrubar aeronave.

As autoridades chegaram até a fechar o aeroporto de Presidente Venceslau. O governo de São Paulo reforçou o policiamento na cidade com homens da tropa de elite da Polícia Militar. No ano seguinte, os líderes do PCC, incluindo Marcola, foram transferidos para presídios federais.

Advogados dos presos afirmaram em petições que o plano de resgate não passa de ficção e que até hoje nada foi provado. Eles alegam que nenhum mercenário foi identificado ou detido e também que não foram apreendidos armamento, avião, helicóptero nem veículos blindados.

A Penitenciária Federal de Brasília também abriga outros homens apontados como do primeiro escalão do PCC. São eles: Roberto Soriano, o Tiriça, 49; Abel Pacheco de Andrade, o Vida Loka, 47; Cláudio Barbará da Silva, 61, e Wanderson Nilton Paula Lima, o Andinho, 44.

A transferência de Marcola "foi feita visando prevenir um suposto plano de fuga ou resgate do preso", disse ontem Dino. Ele acrescentou que "a operação se fez necessária para garantir a segurança da sociedade".

O ministro do governo Lula, no entanto, não forneceu à imprensa detalhes sobre o suposto plano de fuga. Marcola é condenado a 342 anos de prisão pelos crimes de roubo, formação de quadrilha, homicídios e associação à organização criminosa.

Ele é investigado na operação Anjos da Guarda, deflagrada em agosto do ano passado pela Polícia Federal. De acordo com a PF, Marcola, Cláudio Barbará e outros presos são acusados de planejar o sequestro de servidores públicos federais para usá-los como moeda de troca e serem libertados.

UOL

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