Rio Grande do Norte comemora 521 anos neste domingo
O Rio Grande do Norte completa 521 anos neste domingo, 7 de agosto. A data da comemoração é explicada à Cultue pelo historiador Flávio Mottinha. Além disso, o escritor e professor de Literatura Sandemberg Oliveira também traz explicações sobre a cultura e a linguagem potiguar.
“A data de 7 de agosto é quando o Marco de Touros foi chantado, termo que significa a fixação de um elemento que tenha alguma simbologia. Esse marco simbolizava que essa terra pertencia a Portugal”, explicou Flávio. “Era uma cultura da época a instalação desses marcos em determinados pontos do nosso litoral, de modo que quaisquer outros navegadores de outros países que passassem por aqui tivessem o conhecimento de que essa terra tinha ‘dono’”, disse.
A coluna de mármore tem 1,20m e, apesar das fraturas e remendos, é possível ver as gravuras em relevo da Cruz da Ordem de Cristo e o escudo português. Atualmente, o marco de Touros se encontra no Museu Câmara Cascudo, em Natal.
O historiador explica que o Brasil foi “descoberto” oficialmente em 1500, na Baía de Todos os Santos, em Salvador (BA); e em 1501, Portugal organizou sua primeira expedição oficial nessas terras, para fazer o reconhecimento do litoral brasileiro. Extraoficialmente, “acredita-se que alguns navegadores espanhóis andaram no litoral brasileiro”. No entanto, a instalação dos marcos pelos colonizadores portugueses, sendo o primeiro deles o marco de Touros, veio com a expedição oficial, em 1501, daí a data de aniversário do RN.
Antes da chegada dos europeus ao RN, diferentes povos indígenas já viviam em uma sociedade organizada no estado. Dentre esses grupos de originários, os Tupi são bastante conhecidos. “A gente tinha, quando os portugueses chegaram, uma sociedade bastante consolidada, tanto no litoral quanto no interior. Esses grupos originários tinham um modelo de vida bem estabelecido […] A organização indígena de sociedade tinha divisão de trabalho; organização das tarefas por gênero, por exemplo; e relações poligâmicas […] não havia uma ideia de laço matrimonial como temos hoje”, relatou o historiador. “Já havia também presença de líderes, como o cacique; além de rituais e crenças bem definidos”.
Até hoje, o RN tem muitas expressões do idioma e dialeto Tupi. “Tudo que é terminado ou iniciado com o termo açu, por exemplo, significa ‘grande’. O rio Açu é o ‘grande rio’ do Rio Grande do Norte. Apesar de que, possivelmente, o termo “Rio”, que consta no nome do nosso Estado, seja o rio Potengi, uma vez que o encontro deste com o mar é bastante suntuoso”, explica.
No caso específico do RN, o povo Potiguara é um dos principais. Flávio Mottinha destaca Clara Camarão, de etnia potiguara e importante personagem histórica. “Potiguar” significa “comedor de camarão’’, como explica o historiador. “Poti vem de camarão, e potiguar seria aquele que come camarão”.
Manifestações culturais
O professor de literatura e escritor Sandemberg Oliveira destaca algumas manifestações culturais do estado. “Uma delas são os Congos de Calçola, grupo oriundo do que hoje conhecemos como Vila de Ponta Negra, onde havia até há algumas décadas a predominância de descendentes de pessoas escravizadas”, destacou ele. “Eram danças em que participantes balançavam suas saias e tocavam tambores”.
“Além disso, se destacam em nossa cultura os tradicionais Bois de Reis de São Gonçalo do Amarante, importantes no processo histórico”, ressaltou Sandemberg.
Sobre a literatura potiguar, que é bastante vasta, o professor destaca Deífilo Gurgel, que na obra Espaço e Tempo do Folclore Potiguar, traz registros da cultura e da literatura do Rio Grande do Norte. Outra obra apontada pelo professor é a Informação da Literatura Potiguar, de Tarcísio Gurgel. As mulheres também têm papel importante em relatar a cultura potiguar, como a estudiosa Diva Cunha.
A importância de Câmara Cascudo também é ressaltada por Sandemberg. “Ele teve importância não somente em estudar a nossa cultura e literatura, mas também em difundi-las. Seu potencial financeiro o ajudou a pesquisar e difundir a nossa cultura”. Em julho, o Instituto Câmara Cascudo relembrou os 36 anos da morte do artista e autor de obras que se tornaram referências.
Na música, Sandemberg reconhece a importância de todos os artistas potiguares. “Temos Valéria Oliveira, Khrystal e Nara Costa, por exemplo, ícones do nosso cenário musical. A Orquestra Sinfônica do RN também faz um trabalho belíssimo”, comentou ele.
Agora RN
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