19/06/2021

CUIDADO COM OS RISCOS DA EXPOSIÇÃO SOLAR PARA A PELE - ALERTA ENDOCRINOLOGISTA

Endocrinologista alerta sobre cuidado com os riscos da exposição solar para a pele

A pandemia ressaltou a importância de se ter um sistema imunológico bem preparado para se defender do novo coronavírus, entre outras doenças. É nesse contexto que a vitamina D foi alçada à condição de nova queridinha da saúde na proteção ao organismo. Por ser uma vitamina cuja obtenção vem em boa parte da exposição aos raios solares, ela precisa de ainda mais cuidados, informação e bom senso para oferecer seus benefícios corretamente. Moderação também é saúde.

Estudos sugerem que a deficiência de vitamina D está associada a maiores taxas de infecção por covid-19 e formas mais graves da doença. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a baixa presença de vitamina D no organismo das pessoas já pode ser considerada uma epidemia em vários países. A vitamina é importante pois ajuda na absorção correta do cálcio no intestino, fortalecendo dentes e ossos, e prevenindo doenças como osteoporose, câncer, cardiopatias, diabetes e hipertensão.

“Mas esse fator é facilmente modificável. A suplementação de vitamina D em indivíduos com deficiência pode prevenir infecções respiratórias agudas, como covid e influenza”, afirma a endocrinologista Bartira Rebouças. A vitamina D é fundamental para o bom funcionamento do organismo como um todo, pois além de atuar na regulação do sistema imunológico, também faz parte de todo um processo de tratamento e prevenção, inclusive, de doenças autoimunes como artrite reumatoide e a esclerose múltipla.

A deficiência de vitamina D leva à diminuição da absorção intestinal de cálcio e fósforo da alimentação. Bartira ressalta que o corpo pode dar alguns sinais de que essa vitamina está insuficiente. “A perda de fósforo nos rins é um dos fatores que leva à osteopenia e osteoporose; em crianças pequenas, pode levar ao raquitismo; e em adultos, esse defeito de mineralização é conhecido como osteomalácia, e está associada a dores ósseas e musculares”, lista.

A baixa presença da vitamina D também causa fraqueza muscular, levando à queda em idosos e na dificuldade em andar em crianças. Bartira explica que estudos recentes mostram uma associação da deficiência de vitamina D com distúrbios no metabolismo da glicose, ganho de peso, doenças infecciosas, transtornos do humor, e declínio cognitivo. A vitamina desempenha um papel de imunomodulação, o que aumenta as defesas das mucosas e oferece proteção contra doenças respiratórias.

A vitamina D é uma substância que há origem a vários hormônios importantes para o corpo. É sintetizada a partir de uma fração do colesterol, transformada sob a ação dos raios ultravioleta B do sol. Ela também está presente em alimentos -- principalmente peixes de água fria --, mas sua concentração neles é muito pequena, o que dificulta atingir as necessidades diárias.

Vitamina com moderação

Portanto, entre o banho de sol e a alimentação balanceada, pode-se dizer que o astro rei ainda exerce o papel principal quando o assunto é receber uma boa dose de vitamina D. “O sol é de fato mais importante. Oitenta por cento da vitamina D é produzida na pele em resposta à radiação solar UVB. Apenas 20% da vitamina D vêm da ingestão dietética. Devemos, no entanto, ter cuidado com os riscos da exposição solar para a pele”, afirma a endocrinologista.

Para garantir níveis adequados de vitamina D, o Ministério da Saúde recomenda, além de consumir alimentos fontes, a exposição solar de 15 a 20 minutos pelo menos três vezes por semana, sem protetor solar, até as 10h ou após as 16h. Outra dica, para quem está na praia, é usar o protetor solar apenas no rosto, e só após 15 minutos, no corpo todo.

No segmento alimentar, Bartira indica alguns alimentos que oferecem vitamina D, como os peixes oleosos (salmão, cavala e arenque) em geral; cogumelos expostos ao sol ou que são secos ao sol; óleo de fígado de bacalhau; gema de ovo, e fígado bovino são algumas fontes desse tipo de vitamina.

Para aqueles que não conseguem manter uma alimentação equilibrada e principalmente se expôr ao sol como deveria (algo comum em ambientes mais urbanos, entre trabalhadores de escritório e pessoas acima dos 65 anos), o uso da suplementação vitamínica para suprir essa necessidade é um recurso bastante usado. Mas também deve ter seus cuidados.

Segundo Bartira Rebouças, a intoxicação por vitamina D é rara, no entanto, a suplementação inadequada, sem acompanhamento médico, pode acarretar problemas. “Especialmente em altas doses da vitamina e em períodos prolongados, leva ao aumento de cálcio e fósforo séricos com formação de cálculos renais e calcificação de órgão e tecidos”, diz. Ela ressalta que um dos órgãos que mais sofre é o rim. A calcificação renal pode, por exemplo, levar à insuficiência renal. E claro, de preferência, com prescrição médica e acompanhamento profissional.

O que

Vitamina D é o nome geral dado a um grupo de compostos lipossolúveis que são essenciais para manter o equilíbrio mineral no corpo. As formas principais são conhecidas como vitamina D2 (ergocalciferol: de origem vegetal) e vitamina D3 (colecalciferol: de origem animal). O déficit de vitamina D é confirmado por meio de exames de sangue específicos. De acordo com a OMS, há insuficiência quando a concentração é menor do que 30 ng/ml (nanogramas por mililitro de sangue).

TN

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