Serviço paralelo de informações de Bolsonaro investigou governo Witzel
![]() |
O governador do Rio Wilson Witzel é alvo de uma investigação conduzida pela Procuradoria-Geral da República |
O presidente da República elegeu o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, como o seu principal alvo a ser abatido. Desde janeiro, o serviço de inteligência paralelo de Jair Bolsonaro, revelado por VEJA, tem feito uma varredura em contratos fechados pelo estado carioca. O objetivo dessa devassa era encontrar um escândalo de corrupção que pudesse implodir o ex-juiz do PSC.
A relação entre os dois governantes azedou de vez em outubro do ano passado, após a Polícia Civil carioca colher o depoimento de um porteiro que envolveu, de forma equivocada, o nome de Bolsonaro nas investigações do assassinato da vereadora Marielle Franco. O presidente decidiu reagir.
O coronel do Exército Marcelo Costa Câmara, que despacha no terceiro andar do Palácio do Planalto, a poucos metros do gabinete do presidente da República, foi escalado para fazer uma varredura em contratos fechados pelo governo do Rio. Além disso, o militar começou a checar relatos extraoficiais sobre a gestão Witzel, enviadas por uma rede de apoiadores de Bolsonaro.
Em janeiro deste ano, o presidente foi informado que havia irregularidades em algumas organizações sociais (OSs) no Rio de Janeiro, responsáveis por administrar unidades de saúde. Alguns meses depois, com a proliferação do coronavírus no Brasil, Bolsonaro recebeu um dossiê de sua inteligência pessoal relatando que o governo Witzel havia fechado um contrato emergencial de 835 milhões de reais com a Organização Social Instituto de Atenção Básica e Avançada à Saúde (Iabas) para a construção de hospitais de campanha. Esse e outro material, que também denunciava compras suspeitas de aparelhos respiradores pela secretaria de saúde do estado, passaram a circular entre assessores e ministros palacianos.
Os dois casos passaram a ser investigados pela Procuradoria-Geral da República e pelo Ministério Público do Rio. No último dia 26 de maio, a Polícia Federal realizou uma busca e apreensão de documentos e aparelhos telefônicos no Palácio das Laranjeiras, residência oficial do governador carioca. Antes mesmo de os agentes baterem à porta de Witzel, um amigo de Bolsonaro, Waldir Luiz Ferraz, conhecido como Jacaré, estava no local da operação, gravando um vídeo da ação para enviar em primeira mão para o presidente.
Após ser alvo da PF, o governador do Rio disse ser vítima de uma perseguição política. “A Polícia Federal deveria fazer o seu trabalho com a mesma celeridade que passou a fazer aqui no estado do Rio de Janeiro porque o presidente acredita que eu estou perseguindo a família dele e ele só tem essa alternativa de me perseguir politicamente”, afirmou Witzel. “O senador Flávio Bolsonaro, com todas as provas que temos contra ele, já devia estar preso”, disse.
Veja
Nenhum comentário:
Postar um comentário