Bem avaliado, Moro tem potencial para incomodar bastante Bolsonaro em 2022

Pesquisa feita pelo Instituto FSB com exclusividade para VEJA em fevereiro deste ano mostra o tamanho do potencial do agora ex-ministro para provocar estragos na pretensão eleitoral de Bolsonaro, inclusive entre aqueles que hoje se alinham ao bolsonarismo.
Para começar, ele era o único que aparecia numericamente à frente de Bolsonaro em uma simulação de segundo turno, embora dentro da margem de erro de três pontos percentuais para mais ou para menos: ele tinha 39% das intenções de voto contra 37% do chefe.
Além disso, à época, o ministro ostentava desempenho melhor contra os mais prováveis candidatos do PT: tinha 49% contra 40% do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (Bolsonaro conseguia 48% a 40%) e 53% a 30% contra o ex-prefeito Fernando Haddad (o seu chefe aparecia com 51% a 33%).
Moro também era o candidato com a menor rejeição: apenas 31% disseram que não votariam nele de jeito nenhum – já Bolsonaro ostentava uma taxa de 44%. Todos os outros principais pré-candidatos tinham mais de 50% de rejeição.
Além do prestígio colhido quando era juiz da Operação Lava-Jato – principalmente entre o eleitorado bolsonarista, por ter colocado Lula e vários petistas graúdos na prisão -, Moro também vinha bem no ministério: para 29%, ele era o melhor ministro da administração federal – para comparação, o segundo colocado era “nenhum” (20%), enquanto Paulo Guedes, da Economia, vinha em um longínquo terceiro lugar, com 6%.
De resto, o combate à corrupção, com 24%, e a segurança pública (16%), ambas atribuições da pasta comandada por Moro, eram consideradas as áreas que mais melhoraram no governo Bolsonaro.
Sem partido político e sem nunca ter anunciado que será candidato à Presidência da República, Moro tinha como maior sonho uma vaga de ministro do Supremo Tribunal Federal, que Bolsonaro poderia dar a ele com a aposentadoria de Celso de Mello em novembro deste ano. Mas agora talvez terá de repensar e assumir a carreira política, já que não pode mais voltar à magistratura, que exerceu por 22 anos.
“Vou procurar mais adiante um emprego. Não enriqueci no serviço público. Nem como magistrado nem como ministro. E quero dizer que, independentemente de onde eu esteja, eu sempre vou estar à disposição do país para ajudar o que quer que seja”
Um sinal disso talvez tenha vindo na última frase de seu pronunciamento de despedida: “Vou procurar mais adiante um emprego. Não enriqueci no serviço público. Nem como magistrado nem como ministro. E quero dizer que, independentemente de onde eu esteja, eu sempre vou estar à disposição do país para ajudar o que quer que seja”.
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