TSE aceitará assinatura digital para siglas como a de Bolsonaro, mas regra e prazo são incertos
Por 4 votos a 3, o tribunal aceitou a validade das assinaturas eletrônicas, mas entendeu que a ausência de regulamentação e de capacidade técnica do TSE não permite sua utilização de imediato para a criação de novos partidos.
Não há prazo para que o TSE crie uma resolução sobre as regras para esse procedimento.
A decisão torna incerto se o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) conseguirá reunir o apoio necessário para criar o partido Aliança pelo Brasil a tempo de disputar as eleições de 2020, quando serão escolhidos prefeitos e vereadores em todo o Brasil.
A legislação eleitoral determina que para disputar as eleições, realizadas em outubro, é preciso que o partido esteja regularizado até seis meses antes da votação. Para conseguir entrar na disputa do próximo ano, o novo partido tem que estar criado até abril. Por isso a aposta dos bolsonaristas nas assinaturas digitais para dar agilidade ao processo.
O uso da assinatura digital depende de que o eleitor possua um certificado digital. Esse tipo de certificação é utilizado para comprovar a autenticidade de documentos e assinaturas nos meios digitais. Seu uso é amplamente adotado pelo Judiciário, para a apresentação de processos por advogados e na emissão de decisões judiciais, por exemplo.
Ferramenta para checar autenticidade de assinaturas
O ministro Luís Roberto Barroso, cujo voto serviu de base ao resultado do julgamento, afirmou que o uso das assinaturas só será possível quando for regulamentado pelo TSE. "É possível a utilização de assinatura eletrônica legalmente válida para criação e apoiamento de partido político, desde que haja prévia regulamentação pelo TSE e desenvolvimento de ferramenta tecnológica para auferir a autenticidade das assinaturas", afirmou o ministro.
O processo que foi analisado não tratava diretamente da fundação do partido Aliança pelo Brasil. Em seu próprio voto, Barroso afirmou que a análise do tema pelo TSE não tem relação com a intenção de Bolsonaro de criar um novo partido.
"Esta consulta é bem anterior ao fato político do dia. Não tem nada a ver com a criação de um partido político aparentemente sob a liderança do presidente da República. Essa é uma outra questão que em algum momento vai se colocar, embora haja algum tipo de conexão, estamos respondendo em tese a uma consulta", disse o ministro.
A ação analisada foi uma consulta apresentada pelo deputado Jerônimo Goergen (PP-RS) em conjunto com o MBL (Movimento Brasil Livre). Esse tipo de processo, uma consulta, serve para que sejam esclarecidas dúvidas sobre as regras do processo eleitoral.
Para criar um novo partido político, o tribunal exige uma lista com assinaturas equivalentes a 0,5% do total de votos válidos na última eleição para a Câmara dos Deputados, o que equivale a 491.967 apoiadores sem filiação partidária divididos em pelo menos nove estados.
Na sessão de ontem (03), a presidente do TSE, Rosa Weber, afirmou que atualmente o tribunal não possui condições técnicas de verificar com seguranças as assinaturas digitais.
UOL
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