A segunda-feira é tão ruim assim?

A gestora de carreiras Andrea Deis diz que o problema não é o dia em si. Mas o que representa:
— A angústia é uma consequência de termos somatizado emoções e circunstâncias por tanto tempo. As pessoas acham, no fim de semana, que seus problemas simplesmente adormeceram. Quando chega a segunda-feira, têm que lidar com tudo de novo. Com a pressão no trabalho, com exames médicos, com problemas de relacionamento.
Andreia orienta que o primeiro passo é ter entendimento sobre o estado atual da vida e sobre o que motiva o desconforto. A partir de então, é preciso traçar uma estratégia para mudanças e, para isso, é necessário dividir o que é importante do que é desejável.
— Importante são coisas urgentes, como cuidar da saúde. Desejável é algo que você quer, mas não é fundamental. Para desafogar quem se sente sufocado, é preciso adiar o desejável e traçar um plano de ação para realizar o importante.
O desconforto também pode ser gerado pelo sentimento de sobrevivência, isto é, uma pessoa que faz o que não gosta para conseguir arcar com as obrigações, como pagar as contas. Para a psicóloga especialista em terapia cognitivo comportamental Thalita Martignoni, o sofrimento no trabalho traz um prejuízo enorme à saúde mental dos indivíduos e às próprias empresas, sendo fonte de desligamentos, baixo rendimento, estresse laboral, transtornos de ansiedade e depressão.
— Uma das maiores fontes de insatisfação é estar em um lugar em que você não concorda com as práticas e os objetivos. Olhando para o outro lado, as empresas precisam ter uma cultura fortemente voltada para a qualidade de vida das pessoas, o que deve ser pensado como um investimento — considera.
Thalita ainda acrescenta que as organizações devem diagnosticar os fatores que estão gerando os problemas: os níveis de rotatividade dos empregados, o clima e a cultura organizacional e as percepções de justiça na distribuição de benefícios e promoçõesentre os trabalhadores. Um bom diagnóstico, segundo ela, pode mostrar que, apesar de estarem satisfeitos com o clima da empres, os funcionários podem não ver oportunidades de crescimento.
É preciso transformar a visão
De acordo com Andrea Deis, gerar motivadores para a vida — ter uma missão e um propósito — ajuda a enfrentar os problemas de forma mais fácil.
— Ao invés de ter bens ou um relacionamento, é importante fazer algo para ser reconhecido como pessoa. O indivíduo deve viver de seus talentos, saber seus valores e colocar o “ter” por último — explica.
A mudança, no entanto, é um processo. Segundo a psicóloga Claudia Melo, para transformar a visão, a pessoa pode experimentar fazer algo de diferente e que seja bom nesse dia:
— Existem segundas-feiras que vão ser realmente ruins. Mas algumas segundas-feiras serão normais ou até maravilhosas. Mas, se acreditar que esse dia é ruim, a pessoa realmente não vai conseguir vivenciá-lo da melhor forma possível.
Renata Brito, psicóloga da plataforma Vittude, também sugere incluir na agenda de segunda alguma atividade que dê prazer e reduzir as obrigações do início da semana.
— Temos que perceber se não se estamos reunindo uma grande quantidade de pendências nesse dia. A vida prática também comporta tarefas não tão agradáveis. Então, o ideal é distribuí-las, quando possível, ao longo da semana, e não concentrá-las na segunda-feira — ensina.
Extra
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