26/07/2019

O NOME DA SANTA

Por: Carlinhos Supla.

Fundado em 14 de abril de 1937, com intuito e necessidade da sociedade cearamirinense da época, surge o COLÉGIO SANTA ÁGUEDA. Com um sistema educacional diferenciado, com bases religiosa e disciplina familiar. Fazendo parte da congregação de Nossa Senhora do Bom Conselho. Hoje com uma pequena modificação em sua nomenclatura, chamando-se: COLÉGIO DE SANTA ÁGUEDA. O nosso eterno e apenas SANTA ÁGUEDA.

Muitas histórias, como todos aqui, temos a contar. Lembro de cada detalhe daquele colégio. Desde do portão principal ao portão menor a esquerda e o portão de acesso ao sítio, hoje onde fica o ginásio. E sua entrada principal, a direita, a de acesso à capela. Seus corredores térreos. A direita, salas de aulas e a sala dos professores. E no final, a cozinha do colégio. A esquerda salas de aulas e no final, banheiro feminino. E no meio deles, divididos pelo sempre belo jardim. Com a figura da imagem da santa que trás o seu nome.

Suas escadas de acessos aos corredores superiores. A direita salas de aulas. A esquerda dormitórios das internas e o seu belo auditório com o seu formoso piano de calda preto. E ao lado, um lugar que ninguém gostava muito de ir. O gabinete da diretoria. Era uma espécie de tribunal da inquisição lá na idade média. Tinha nego que se cagava e se mijava antes mesmo de subir as escadas.

Agora descendo, as escadas do sino que soava os intervalos, pegamos a esquerda, direto para o galpão e a cantina, no final, o banheiro masculino. E finalmente a quadra. Ao longe, o sitio. Olhando pra cima, aquele gigante alto de janelões padronizados.

Nesses acessos, muitas histórias foram vividas.

Vem um flash back e lembro todos na praça Barão de Ceará Mirim ou no bar Chão da Praça.  Entrada as 7:10 onde éramos chamados por um único alto falante, ao som da inconfundível  canção "Tema de Lara" da música do filme Dr Jivago. Filas no galpão e entrada às salas de aulas. Um itinerário diário obrigatório. Era quase um ritual. 

E na sala de aulas, nossos eternos professores:
Bethi, Geane, D. Alda, D. Melania, Regina, Lourdinha, Edna, D. Graça, Ana Vilma e suas pinceladas nas aulas de literatura, D. Socorro, Ângela. Wilson, Sebastião, Ionaldo, Moacyr, Gian Carlo,  Paulinho pomba de burro( até hoje não sei porque esse apelido). Que maldade com o nosso querido Paulinho. Casquinha, Santana, Junior, Juscelino, Bosco, Gerinaldo, Selestino, Tadeu, e o automaticamente Wilamys. Perdão se esqueci alguém. 

E os saudosos:
Pererinha, Batista,  D. Neide, Célia Pimentel (que uma vez escrevi no cabeçalho da prova Célia Pimenta, e a minha nota ardeu como tal) Salte Cunha, Izulamar, Madre Regina, que também lecionava, Irmã Maria José, o seu olho trocado.  Irmã Bernadete. Irmã Judite. Irmã Belém e a caridosa Irmã Brigida e seu piano de calda. Tenho lembranças dela tocando seu piano de costas para as  turmas. Muitas gargalhadas. Não sei se era a forma engraçada dela tocar, ou se era o uso permanente de sua toca na cabeça. 

Na diretoria Irmã Irene e Madre Regina.
Na coordenação a competente Íris Marildinha e a simples e pacata Geraldina. 

E a hora mais esperada. A hora do recreio. Ou intervalos para alguns. Era um inferno. Crianças correndo, gritando, brigando, caindo no chão, relando o joelho, chorando. No galpão de frente a cantina, brincávamos de trave a trave. Utilizando as colunas como traves. Onde a bola era uma mera tampinha de refrigerante grapeth ou um simples caco de telha.

Enquanto isso, passavam correndo,  Renato Zé bebo, Neidinha Maia e Denilson Venâncio, numa gargalhada só. Não se sabia por que. Mas, para a fama dos demais, boa coisa não era. Mais adiante, eu, Junior da padaria e Roberto da usina na espreita, roubando chocolates da garotada da quarta série, que acabara de comprar na cantina. 

O sino toca, e, voltando pras salas de aulas a bagunça e o barulho com muita risada continua. Quando derrepente, inesperadamente, entra na sala aos berros, a coordenadora Íris.:

"A 8°'A' está doida no asilo é...? Em???"
"Que barulho é esse gente?"

E todos se viram ao mesmo tempo em direção a ela, a gargalhada continua, só com mais intensidade. Alguns com a mão na boca. Não tinha como se aguentar.  Aquela sena cômica em pé, ali na porta da sala. A final, não estávamos acostumados de ver a coordenadora Íris de cabelos pirados. Que aliás, não aguentou mais um dia usa-lo. Vindo noutro dia com seu penteado normal. Graças aos maus educados da 8° série 'A'.

São muitas histórias. E muitas emoções. Todos vocês que ali fez parte, sabe do que eu estou falando. Cada um com suas histórias pra contar. Ou até mesmo confidencia-las para sempre. Não importa se a sua história foi de bom agrado ou até mesmo feitas contra as normas, regras e regulamentos do nosso colégio. Eu, particularmente não me arrependo de nada.
  
Lembro da festa dos corações, que era tradicional na cidade. Organizada pelo colégio. Do famoso arraia do Santa Águeda ao som do Grupo Show Beija-Flor, dos irmãos Mocinha, Marcos e Maurício Câmara.

E os namoros, paqueras de bilhetinho,  o primeiro amor, a primeira paixão. Alguns até ali se casaram.

Quem não viveu tudo isso, não viveu o Santa Águeda. Se não foi perfeito, não teve importância. O importante é que emoções nós todos vivemos.

Palavreando Cora Coralina:

"Todos estamos matriculados na escola da vida. Onde o mestre é o tempo."

O tempo, é algo que não volta atrás. A saudade é o que faz as coisas pararem no tempo. O tempo nos deixa saudades. Mas, nunca apagará nossas lembranças, que dentro dele vivemos.

Somos todos do tempo...
Do tempo do Santa Águeda.

Tenho dito.

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