A revelação pela revista Época de que o governo brasileiro teria facilitado a concessão de um empréstimo de US$ 320 milhões pelo BNDES para a construção de uma barragem em Moçambique deixou o Palácio do Planalto novamente na defensiva.
O temor no núcleo palaciano é de que um depoimento do presidente licenciado da Andrade Gutierrez, Otávio Marques de Azevedo, possa complicar ainda mais o governo. A empreiteira participou do consórcio formado para construção da barragem. O executivo da Andrade Gutierrez já negociou um acordo de delação premiada, depois que foi preso pela Operação Lava Jato.
De forma reservada, auxiliares da presidente Dilma Rousseff tentam afastar qualquer relação entre as contribuições de campanha recebidas da Andrade Gutierrez e a concessão do empréstimo. Um interlocutor de Dilma lembra que houve dificuldade para a campanha receber uma doação da empreiteira. E que mesmo assim, a contribuição da construtora para a candidatura do tucano Aécio Neves foi maior.
“Enquanto a petista recebeu R$ 21 milhões, a Andrade Gutierrez contribuiu com R$ 29 milhões para Aécio”, ressaltou um auxiliar palaciano. “De todo jeito, ninguém sabe o que pode falar um executivo preso que precisa fazer uma delação premiada para ficar em liberdade”, observou, apreensivo, outro interlocutor de Dilma.

G1