Temer se recusa a articular contra o impeachment e diz não ser desleal
Beneficiário direto do eventual impedimento de Dilma Rousseff, Temer
se esquiva de tomar parte dos esforços para barrar o processo contra a
presidente sob duas alegações: 1) esse tipo de atividade não se insere nas atribuições constitucionais do vice-presidente; 2) como o PMDB está dividido sobre a matéria, não poderia, como presidente da legenda, assumir a posição de um dos lados.
Submetido a uma espécie de degredo político, esquecido em seu
gabinete no edifício anexo do Planalto, Temer foi subitamente
revalorizado. Neste sábado (5), de passagem por Recife, Dilma dirigiu ao
número dois do governo uma cobrança disfarçada
de afago: “Espero integral confiança do Michel Temer e tenho certeza
que ele a dará. Conheço o Temer como político, como pessoa e como grande
constitucionalista.”
Como político, Temer fareja a possibilidade de encerrar uma carreira
de três décadas sentado na poltrona de presidente da República. Como
pessoa, Temer se envaidece com a possibilidade de ascensão. E parece
nutrir uma preferência por substituir Dilma em vez de ajudá-la. Como
constitucionalista, Temer enxerga no impeachment uma ferramenta prevista
na Constituição, não um golpe.
Trafegando na contramão do já esgarçado discurso petista do “nós
contra eles”, Temer enrolou-se na bandeira da “pacificação”. Para que
não o acusem de oportunismo, o vice-presidente recorda que vem afirmando
há três meses que o país precisa de alguém capaz de promover uma
reunificação.
“Seja sob o império da presidente Dilma ou de qualquer um que chegue
ao poder, é preciso reunificar o país”, diz Temer. “Precisamos de uma
aboluta pacificação nacional. Todas as mentalidades partidárias deveriam
se unir. Seja agora, sob o império da presidente, ou sob qualquer outro
império, tem que haver uma coalizão nacional. Até acho que, se a
presidente Dilma fizesse essa coalizão nacional, com todos os partidos, o
país sairia desse embaraço em que se encontra.”
Temer costuma realçar que o impedimento não é o único risco que ronda
o Palácio do Planalto. “Tem também os processos do TSE, que podem
cassar a chapa”, afirma, numa referência às ações que correm no Tribunal
Superior Eleitoral, tendo como alvo a chapa de 2014, composta por Dilma
e Temer. A cassação da chapa ocorrerá se for acolhida a denúncia do
PSDB de que o comitê de campanha da presidente abusou do poder político e
econômico, borrifando na caixa registradora da campanha verbas sujas da
Petrobras.
Temer se equipa para sustentar no TSE a tese jurídica segundo a qual
as contas de campanha de Dilma e a sua contabilidade eleitoral deveriam
deveriam apreciadas separadamente. Alega-se que as verbas provenientes
de propinas extraídas de negócios com a Petrobras não chegaram às contas
de campanha do vice-presidente.
UOL
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