19/05/2011

VALE A PENA LER



Artigo publicado no GLOBO
A DITADURA COR-DE-ROSA



GUILHERME FIUZA


O deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ), uma espécie de gorila assumido,
foi ao Senado protestar contra uma cartilha de prevenção à homofobia queo governo pretende distribuir. Acabou agredido pela senadora Marinor Brito (PSOL-PA), defensora dos homossexuais. Esses gorilas não sabem comquem estão se metendo. A tal cartilha, que está sendo preparada peloMEC, será distribuída em escolas públicas, no ensino fundamental. Aideia é ensinar à criançada que namorar pessoas do mesmo sexo ésaudável, ou seja, que ser gay é normal. Nada como um governoprogressista, disposto a formar a cidadania sexual de seu povo.

Pelos cálculos do MEC, uma criança de sete anos de idade que chegar à escola e receber em mãos uma historinha de amor homossexual terá menor probabilidade de chamar o coleguinha de bicha, ou a coleguinha de sapatão. É difícil imaginar o que se passará na cabeça de cada uma dessas crianças diante do kit de orgulho gay do governo. Masnão é tão difícil imaginar o que se passa na cabeça do MEC, ou melhor,do ministro da Educação.

Assim como a quase totalidade da administração petista, o ministro da Educação, Fernando Haddad, só pensa naquilo fazer política. Em 2010, no bicampeonato do vexame do Enem, ele estava trabalhando duro na campanha eleitoral de Dilma Rousseff. Sem tempo, portanto, para detalhes secundários, como a impressão trocada de gabaritos, que corrompeu a prova e infernizou a vida de mais de três milhões de estudantes. No ano anterior o Enem tinha naufragado após o vazamento da prova, e no ano seguinte Haddad foi premiado com a permanência no cargo pelo novo governo. Honra ao mérito. Nesse meio tempo, o país caiu 20 posições no Índice de Desenvolvimento Humano da ONU para educação (ficando em 93º, atrás de Botswana). Mas o ministro tem sempre uma pesquisa interna para oferecer aos jornalistas dos quais nunca se descuida, mostrando ótimas avaliações do ensino público.

No governo da presidenta, que vive dessa mitologia do oprimido, a cartilha sexual do companheiro Haddad é mais um afago no mercado político GLS. Um mercado que não para de crescer. Ao lado do avanço nos direitos dos gays, legítimo e importante, a indústria do politicamente correto vai criando um monstro. Foi esse monstro que distribuiu tapas na turma do deputado Bolsonaro. É o monstro que transforma uma boa causa em revanche, histeria e intolerância. Que quer ensinar orgulho gay em escola primária. É a estupidez travestida de virtude. O barraco entre o gorila e a serpente aconteceu na Comissão de Direitos Humanos do Senado. Ali se discutia o projeto que transforma homofobia em crime. É um pacote de regras restritivas, como a que proíbe um pregador evangélico, por exemplo, de criticar o homossexualismo fora dos limites de sua igreja. Os generais de 64 (heróis de Bolsonaro) nãofariam melhor. O totalitarismo, quem diria, também está saindo do armário.

A relatora do projeto é a senadora Marta Suplicy (PT-SP), que se retirou da sessão quando a confusão estourou. Ela teve sorte. Não de se livrar dos tapas, mas de escapar da sua própria lei. Menos de três anos atrás, ela fez insinuações de homossexualismo contra o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, seu adversário eleitoral na época. Talvez seja o caso de incluir uma ressalva no projeto, anistiando os companheiros progressistas que ferirem o orgulho gay por relevante conveniência política.

Mais do que nunca, a propaganda é a alma do negócio. Depois que Dilma Rousseff virou símbolo meteórico de afirmação feminina, ninguém mais segura os gigolôs da ideologia. Basta um slogan na cabeça e uma caneta na mão, e tem-se uma revolução de butique. Está prestes a ser aprovada a lei que obriga a fabricação de calcinhas e cuecas com etiquetas de advertência contra o câncer de próstata e de colo do útero, além de sutiãs com propaganda de mamografia. É incrível que ainda continuem vendendo chocolate sem uma tarja de advertência contra a gordura e as espinhas. É preciso ensinar a sociedade a ser saudável.

O Estado politicamente correto sabe o que é bom para você. Em nome da modernização dos costumes, assiste-se a uma escalada medieval de proibição da propaganda de produtos que fazem mal, e de obrigatoriedade de mensagens que fazem bem. Até a obra de Monteiro Lobato quase entrou na dança: ia ser crivada de notas explicativas a cada aparição de Tia Nastácia, em defesa da honra dos afrodescendentes. Os justiceiros do Conselho Nacional de Educação ainda não desistiram de corrigir o escritor. É interessante ter um ex-BBB no Congresso defendendo os direitos dos homossexuais. Mas é estranho ter no reacionário Jair Bolsonaro a voz solitária contra os excessos da patrulha GLS. Talvez a consciência brasileira mereça, de fato, ser governada pelas cartilhas demagógicas do MEC.

GUILHERME FIUZA é jornalista.

3 comentários:

Anônimo disse...

É isso mesmo caro Joao, é chegado o fim dos tempos essa deste jornalista dizer que é saúdavel nomoro de pesssoas do mesmo sexo mostra isso. 2012 vem aí.

Anônimo disse...

Já dizia o velho filosofo Zé Lezin: se fosse para existir isto que estamos vendo Deus não teria criado Adão e Eva teria criado Adão e Ivo.

Anônimo disse...

é dessa história preconceituosa que começa a homofobia...