12/05/2010

CORRUPÇÃO


Planalto espera que Tuma Júnior não retorne ao cargo

A expectativa no Planalto é que o secretário Nacional de Justiça, Romeu Tuma Júnior, não volte ao comando do órgão. Ele anunciou no final da tarde de terça-feira que tirou uma licença de 30 dias. Suspeito de ligações com a máfia chinesa de São Paulo, Tuma Júnior teve o afastamento negociado pelo próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Segundo a edição desta quarta-feira do jornal O Estado de S. Paulo, o ministro da Justiça Paulo Barreto, que afastou Tuma Júnior a pedido de Lula, convenceu o secretário de que sua volta ao cargo está garantida caso a Polícia Federal não consiga comprovar suas suspeitas. Na prática, porém, espera-se que as "férias" de Tuma Júnior não tenham mais fim.

O secretário de Justiça se disse alvo de uma "extorsão política", mas admitiu conhecer Paulo Li, suspeito de comandar a máfia chinesa em São Paulo, há mais de 25 anos. "Ninguém pode ser condenado por ter um amigo que cometeu algo ilícito", disse. "Do jeito que estão dizendo, parece que eu andava com ele debaixo do braço, promiscuamente.

Uma investigação sobre contrabando - chamada de Operação Wei Jin e iniciada em setembro do ano passado - levou a PF a interceptar ligações telefônicas e e-mails entre Tuma Júnior e Paulo Li. O chinês está preso desde o ano passado, acusado de chefiar o esquema que trazia ilegalmente para o Brasil celulares falsificados da China, movimentando mais de 1 milhão de reais. Os aparelhos eram vendidos no comércio paralelo de São Paulo, como a 25 de Março, e do Nordeste. Li foi denunciado pelo Ministério Público Federal por formação de quadrilha e descaminho.

Logo após a prisão, o chinês ligou para Tuma Júnior na presença de agentes federais. Ao suspeitar que seu nome poderia ser citado no processo, o secretário de Justiça entrou em contato com a PF e pediu para prestar depoimento, no qual disse não saber das atividades ilícitas de Li. O envolvimento de Tuma Júnior - que também é presidente do Conselho Nacional de Combate à Pirataria - era mantido em sigilo desde então.

Bastidores - Na terça-feira, em várias reuniões no Planalto e no Ministério da Justiça, assessores do presidente receberam um relatório da PF com detalhes do que foi apurado sobre as ligações de Tuma Júnior com a máfia chinesa. Foi quando Lula decidiu que era hora do secretário sair. Ficou clara a decisão da Polícia Federal de pedir ao Judiciário autorização para abrir uma investigação contra Tuma Júnior. Diante da decisão, Lula concordou que Tuma não ficaria mais no cargo, mas que caberia ao ministro Barreto decidir a forma de afastamento.

O cuidado do presidente tem uma clara razão: Tuma Jr. é filho de Romeu Tuma, senador pelo PTB e ex-diretor-geral da PF. O partido do senador ainda se divide entre apoiar Dilma Rousseff ou José Serra na corrida eleitoral. Dessa forma, o governo vai fazer de tudo para não irritar um possível aliado.

Um comentário:

Anônimo disse...

Ô governo pra ter ladrão. Fui...