CANDIDATO "SUJO"

Projeto 'Ficha Limpa' deve parar no STF

Apesar da pressão da opinião pública, faltou consenso e a votação do projeto que barra a candidatura de políticos com contas a acertar com a Justiça - conhecido como "ficha limpa" - foi adiada para maio. A proposta já reuniu 1,6 milhão de assinaturas, mas não venceu a resistência dos parlamentares. O projeto impede a candidatura de políticos condenados por um órgão colegiado, composto por mais de um juiz.

O movimento já era esperado. Nesta quarta-feira, não houve adesão da maioria para levar o texto à votação imediata no plenário da Câmara, desejo apenas da oposição. "Foi uma manobra antiga. Não tinha a menor dúvida de que isso ia acontecer", disse o deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO).

Reações – Com o adiamento da votação, caberá à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, que tem maioria governista, analisar emendas – que já começam a pipocar. Só depois é que o projeto entrará em pauta de novo.

A CCJ tem até 29 de abril para concluir a análise. Segundo o presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), caso o trabalho não termine até a data prevista, PT e PMDB concordaram em assinar o requerimento de urgência e levar o tema de imediato ao plenário. A expectativa é que a votação ocorra no início de maio. Aprovada, a proposta ainda precisará ser votada no Senado e sancionada pelo presidente Lula. Um trâmite bem demorado.

Relator da proposta na comissão especial criada na Câmara, o deputado Índio da Costa (DEM-RJ) lamentou. "Foi um atraso que, infelizmente, não deixará aprovar o projeto para essas eleições. O argumento de quem é contra é que seria preciso mais tempo para analisar. Mentira", disparou. O líder do governo na Câmara, o deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP) reagiu: "O projeto tem muitos problemas técnicos."

Para o presidente da AMB, Mozart Valadares, houve falta de vontade política. "O sentimento é de frustração e tristeza. Mais uma vez um segmento do Congresso dá as costas ao sentimento da sociedade, o que mostra a falta de compromisso com a ética e com a moralidade na política. É lamentável", disse. A associação apoia a iniciativa.

O Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE), que lidera a campanha "ficha limpa", promete manter a pressão.