Força do mar transforma base do Morro do Careca em falésia
Apesar das placas de sinalização informarem da proibição de acessar a área na base do Morro do Careca, na Praia de Ponta Negra, banhistas ainda insistem em desobedecer, se expondo ao risco de acidentes e de aumentar a erosão que a duna está sofrendo com o avanço do mar. A base, o “pé do morro”, já assumiu o formato de falésia. Em abril deste ano, o Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente do RN (Idema/RN) reforçou a sinalização. O acesso de banhistas ao local é bloqueado desde 1997.
Na manhã desta quinta-feira (13), visitantes da praia passavam a cerca de proteção, apesar de não terem subido o morro. Um trio de policiamento ambiental estava na área. O capitão Dênis Quirino, do Batalhão de Policiamento Ambiental, afirma que há uma fiscalização diária. “A gente está lá de 7h às 13h, fazendo o policiamento para evitar que as pessoas desavisadas descumpram uma decisão judicial e subam o Morro do Careca”, diz ele. A Guarda Municipal de Natal é responsável pelo trabalho na parte da tarde.
A turista de Campo Grande (RN) Anaiã, 32 anos, diz que sempre que vem a Natal visita a Praia de Ponta Negra. Ela comenta que a erosão no Morro do Careca é visível e que a cerca serve para impedir que os freqüentadores invadam a área e intensifiquem a erosão. “Quando você pensa em Natal, você já pensa no Morro do Careca”, diz a visitante.
Para Antônio Joaquim, 60 anos, “a situação está horrível, à vista do que era. E, se não forem tomadas as providências, vai ficar pior”. Presente na praia todos os dias, ele confirma a fiscalização constante.
Pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, bem como técnicos da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo apontam que a obra de engorda da Praia, cujo projeto encontra-se à espera de liberação do Idema, será benéfica para frear a erosão.
O comerciante José Hermínio Correia Neto, 64 anos, que se define “um nativo do bairro de Ponta Negra”, também pensa dessa forma. Segundo ele, a construção do calçadão com o enrocamento que já foi construído contribuiu para desviar a maré. “A maré está cavando o pé do morro, e se não tiver uma solução ele vai se acabar”, compartilha.
O Morro do Careca tem 120m e pertence à União. De acordo com o novo Plano Diretor, está em uma Área Especial Militar, mas existe uma definição de “guarda compartilhada” para a preservação da duna. A subcoordenadora de Gerenciamento Costeiro no Idema/RN, Rosa Pinheiro, diz que o órgão atua em função de uma medida judicial, com educação ambiental, vistorias, sinalização e isolamento do entorno para que as pessoas não subam o morro.
Porém os arames são danificados constantemente facilitando a invasão ao local. “Existe uma decisão judicial para o Idema manter a cerca, que deveria funcionar como uma barreira. Tem a sinalização para não subir, em função da condição de erosão no morro. Só que na cerca constantemente têm que ser feitos novos reparos”, relata. Rosa reitera que a fiscalização da área não é feita pelo Idema.
TN
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