* Por Ricardo Sobral, encangador de grilo, amansador de burro brabo e mestre em canjica e pirão de peixe.
Garimpei alguns informes sobre os leões da casa de dona Cremilda Soares, roubados misteriosamente.
Todos, ainda sendo checados.
Os leões teriam vindo da Inglaterra, trazidos pelo cônsul Samuel Bolshow, fundador do Engenho Cruzeiro.
Tempos depois, Clóvis Soares, filho de Onofre Soares Júnior, o Major Onofrinho, trouxe os leões para àquela casa da esquina da Igreja Matriz juntamente com a varanda da casa grande do Engenho Cruzeiro. Um dos leões tem o dedo anelar da mão direita quebrado. Estava ele no batente da Casa do Cruzeiro, aguardando o traslado para a cidade, quando um cachorro vira lata o atacou, derrubando-o.
De modo que os leões não vieram diretamente para a casa da cidade, posto que fizeram um pit stop de décadas na Fazenda.
Os leões teriam sido roubados em meados dos anos setenta, na madrugada de um sábado para domingo, dia de festa tradicional no Club. Ou foi a festa "dos detalhes" ou foi a festa "quando setembro vier". Os ladrões descolaram a base de um dos leões com chave de fenda. Foram para um bar na BR, onde continuaram bebendo. Depois, voltaram e levaram o segundo Leão. Tudo assistindo por um morador da vizinhança (vivo), que assistiu o roubo, mas teve medo de alarmar, sozinho que estava na madrugada silenciosa.
Sobre seu paradeiro, há quem diga que sonhou com os leões em uma mansão em Natal. Um morador da praia, falecido, afirmava tê-los vistos em uma chácara em Paulista, cidade próxima do Recife. Há também outra versão, segundo a qual os leões estariam em Castanhal no Pará e que os ladrões vieram de lá exclusivamente para buscá-los em Ceará-Mirim, por encomenda de colecionador de arte.
São informes, como dito. Ainda não encontrei quem sabe a verdade, 50 anos depois do roubo.
Peço que me ajudem a localizar os leões. Eles são uma obra de arte importante para a história do Ceara-Mirim e pertencem ao seu patrimônio cultural, pela singularidade, beleza estética e origem.
Quem tiver foto nítida dos leões me envie, por favor.
Sonho com a volta dos leões, viagem proustiana em busca de um tempo perdido, trazendo com eles um Ceara-Mirim do menino que tinha medo de leões de porcelana. Um Ceara-Mirim que hoje só existe na memória e no coração do menino de outrora.
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