19/08/2021

RN: PRODUÇÃO AGRÍCOLA É REDUZIDA COM ESCASSEZ DE CHUVAS

Escassez de chuvas reduz produção agrícola no RN

O Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LPSA), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), projeta uma safra menor no Rio Grande do Norte em 2021. Os dados apontam para uma redução de 16,8% na área plantada e de 24,3% na área colhida este ano, no comparativo com 2020. No tocante à produção, a queda mais severa é no segmento de cereais, leguminosas e oleaginosas, que deve fechar a safra com redução de 47,3%. A escassez de chuvas no Rio Grande do Norte, este ano, é apontada como a principal causa para o encolhimento nos índices, segundo especialistas e autoridades.

De janeiro a julho deste ano, as chuvas ficaram 35,7% abaixo do esperado, conforme dados da Unidade Instrumental de Meteorologia da Emparn. O volume médio acumulado de chuvas observado foi de 477,7 milímetros (mm), bem abaixo do aguardado para o período do ano: 761,4 mm. Com a seca voltando a atingir o Rio Grande do Norte, está em fase final de elaboração um Plano de Convivência com a Seca e o comitê de convivência com a seca foi reativado há 15 dias, segundo o secretário estadual de Agricultura e Pesca, Guilherme Saldanha.
“A seca não prejudica só os animais, forragens, a produção de leite e carne, mas também um pouco de lavoura que fazemos. Tradicionalmente, o Nordeste não é um grande produtor de grãos, até bato nessa tecla que precisamos produzir mais para atender essa demanda nossa, mas, infelizmente, um ano como esse prejudica porque as pessoas não plantam, não vão investir nisso”, diz Guilherme Saldanha.

Levantamento mostra que a área plantada reduziu em praticamente todas as culturas. As maiores quedas foram sentidas nos cereais, legumes e sementes comestíveis (-16,8%), primeira safra do feijão (-23,6%), milho (-19,6%) e cana de açúcar (-26,4%). Já em toneladas, a produção de cereais, leguminosas e oleaginosas caiu de 58.257 em julho de 2020 para 30.706 neste ano. A primeira safra do feijão despencou pela metade, de 22.273 para 10.785, queda de 51,6%. A segunda safra do feijão apresentou aumento de 298 para 365 (+ 22,5%). Outros produtos também registraram queda como o milho (-52%), com a produção caindo de 31.606 para 15.158 e a cana-de-açúcar (-29,3%), com safra saindo de 5.749.885 para 4.063.112, de acordo com o LPSA.

“Estamos vivendo um ano de inverno irregular, então a seca infelizmente, mais uma vez, bateu à nossa porta e consequentemente, principalmente nessa região mais próxima ao litoral e agreste, em que a seca vai ser mais severa, obviamente que as pessoas já entendendo o processo da seca lá do oeste e região central, realmente reduziu os plantios em decorrência disso, com medo de gastar dinheiro. Por não termos um seguro agrícola para a região Nordeste, estamos detectando essa redução nos plantios”, acrescenta o secretário Guilherme Saldanha.

As áreas colhidas também seguem as mesmas tendências de queda para todos os produtos, com exceção do sorgo, banana e mandioca, que cresceram 45,9%, 2,9%, 5,6%, respectivamente. Na produção e área plantada, esses produtos também apresentaram crescimento: banana (+15,7% e +2,9%); sorgo (+78,2% e +45,9%) e mandioca (10,6% e 0,1%).

“Banana é pela questão da irrigação. Sorgo, mesmo com a seca, é uma cultura que precisa de menos água, consequentemente dá para se produzir e está se produzindo muito no RN. A mandioca é outra cultura que passa de um ano para outro, o ciclo é mais longo, de 12 a 14 meses, então dá para produzir com pouca chuva, plantar e esperar que o ano que vem seja uma cultura que pegue um inverno melhor e se produza mais”, citou Saldanha.

O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do RN (Faern), José Vieira, corrobora a tese da falta de chuvas e acrescenta que os produtores rurais tiveram dificuldades de acessar linhas de crédito do ano passado para cá.

“Podemos citar a burocracia de acesso a crédito, a questão de que muitos não conseguiram renegociar suas dívidas com os bancos, também são fatores que implicam na não produção. A pandemia não afetou. O setor agrícola brasileiro do RN não parou. A produtividade aumentou, quer dizer, garantimos comida. A pandemia, inicialmente teve impacto na produção de leite, mas logo em seguida foi normalizada. Não atribuo essa queda a pandemia não”, apontou.

TN

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