BBlSeHlUm homem segura uma empanada. Para absorver o óleo, uma cédula de 2 bolívares.
O título: “A economia na Venezuela é tão bagunçada que é mais barato usar dinheiro de verdade do que comprar guardanapos”.
A foto,publicada na rede social reddit, já rendeu mais de 1700 comentários e repercutiu em veículos internacionais como sa CNN. Além de uma certa falta de higiene, a foto simboliza dois grandes problemas enfrentados pela Venezuela.

Inflação
Um deles é a inflação, que foi de 68,5% em 2014 de acordo com o governo, que não divulgou dados de 2015.
De acordo com economistas ouvidos pela Reuters, a taxa já ultrapassou os 3 dígitos e pode fechar o ano na casa dos 150%-200% ao ano – a mais alta desde que a medição começou há 60 anos, e provavelmente a maior do mundo.
O país tem três taxas de câmbio oficiais: a mais alta, do Sistema Marginal de Divisas (Simadi), está beirando os 200 dólares. No entanto, a maioria dos venezuelanos já recorre ao mercado negro de câmbio.
E de acordo com o site Dolar Today, perseguido pelo governo, um dólar vale hoje 676 bolívares – mais que o dobro do que em maio e o triplo do que em janeiro.
Isso significa que para segurar sua empanada, o sujeito da foto está desperdiçando menos de um terço de centavo de dólar (ou pouco mais de um centavo de real).
Escassez
Só que além de inflação, a Venezuela também tem um problema de escassez. Desde 2003, um rígido controle cambial e o governo limita o nível de divisas disponíveis para as empresas quitarem suas obrigações.
A falta de dólares para financiar as importações, que já era grave, piorou muito com a queda do preço de petróleo, principal exportação do país.
O resultado são filas quilométricas e prateleiras vazias de produtos básicos, como alimentos e papel sanitário (há hóteis que pedem para você trazer o seu).
Recentemente, o governo das ilhas caribenhas de Trinidad e Tobago sugeriu para a Venezuela uma troca de lenços de papel por petróleo, segundo a Bloomberg.
O índice de escassez parou de ser publicado oficialmente e especialistas falam há meses do risco de uma crise alimentar. Saques e episódios de violência estão aumentando.

Consequências
Os venezuelanos tem recorrido às redes sociais para saber informações sobre fornecimento e promover uma espécie de escambo chamado de “trueque”.
Até a mania nacional do implante do seio foi afetada. Um pacote de camisinhas chega a sair por mais de 2 mil reais e um iPhone pode custar 145 mil reais. A escassez está ameaçando até a oferta de cerveja.
A cesta básica familiar na Venezuela aumentou 163,6% desde junho de 2014 e, com o custo atual, uma família necessita de quase oito salários mínimos para cobrir suas necessidades, de acordo com o Centro de Documentação e Análise para os Trabalhadores (Cendas).
Maduro se diz vítima de uma “guerra econômica” e responde com um controle ainda maior das vendas. Sua aprovação está abaixo dos 25% e eleições parlamentares estão marcadas para dezembro.