O Brasil entregue a "bandidagem"
A bandidagem tenta tomar conta da cena política sob a falsa
alegação de defesa da democracia. Quando um dirigente classista tem a
petulância de dizer, na frente da presidente da República, que vai pegar em
armas e convoca seus comandados para a trincheira a lutar pelo Governo, numa
guerra civil imaginária contra a sociedade, está ofendendo o País inteiro e
ferindo de morte o estado de direito democrático. Aconteceu há poucos dias, sem
reprimendas. O líder da CUT, Vagner Freitas, tal qual um criminoso que não teme
infringir a lei e que já invadiu prédios e repartições do Estado, enxergou o
Palácio do Planalto como um bunker e dali, em uma cerimônia ao lado da maior
autoridade da Nação, lançou suas ameaças. O que fazer nessa situação? Para um
governo que alimenta com dinheiro público o movimento sindical em busca de
apoio e solidariedade, omitir-se pareceu a melhor tática. Nada mais enganoso.
Perplexos, os brasileiros esperavam um repúdio veemente a tal comportamento.
Desencantados, estão cada vez mais protestando. Por todos os estados. Em
centenas de cidades. Por três vezes, no intervalo de cinco meses, tomaram às
ruas. Passaram recados claros. E precisam ser ouvidos. A imoralidade que
campeia o Partido dos Trabalhadores, o Governo Dilma e o líder maior da patota
petista, Lula, tem causado repulsa generalizada. Um boneco inflável do
ex-presidente vestido como presidiário pontificou como símbolo da desconstrução
de um mito. Lula perdeu a primazia dos movimentos populares. Perdeu até a
credibilidade do seu discurso do “nós contra eles”. Quem são eles? Perguntaria
a esmagadora massa de desassistidos Brasil afora. Do alto de sua fortuna de ao
menos R$ 27 milhões, obtida com palestras e consultorias regiamente pagas pelas
mesmas empresas que ele combate em público e se beneficia nos acertos privados,
Lula deixou para trás o figurino de retirante sindicalista. Virou a elite que
tanto critica. Viajando em jatinhos particulares, bebericando vinhos Romanée
Conti, de US$ 6 mil a garrafa, e com ternos sempre das melhores grifes, o
ex-presidente está mais para barão de cartola do que para metalúrgico sem eira
nem beira. Beneficiou-se fartamente da classe “A”. Usou e abusou das regalias
de quem ocupa um lugar de destaque no topo da hierarquia social. E agora, entre
o discurso e a prática, não consegue mais vender a mensagem de combate aos
privilégios. Como ele, o dirigente da CUT, Vagner Freitas, também gosta de
esbravejar contra a “burguesia”, mas não se furta de usar camisas francesas
Lacoste e relógio Rolex quando toma o microfone para disparar seus impropérios.
Os mitos, as elites e os bandidos – no conceito difuso dessa turma – parecem
ter distinções muito pouco claras. Variam ao sabor das circunstâncias e
conveniências deles mesmos. Com um único fim: manter a boquinha.
Isto É
Um comentário:
"Eu desconfio de todo idealista que lucra com seu ideal"
Frase de Millôr Fernandes no Programa Roda viva quando perguntado sobre o Chico Buarque.
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