12/04/2024

ÀS VÉSPERAS DE VOTAR PRISÃO DE BRAZÃO DEPUTADOS PETISTAS TIRARAM LICENÇA

Deputados do PT tiraram licença às vésperas de votar sobre Brazão

Quatro deputados do Partido dos Trabalhadores (PT) não compareceram à votação para decidir se o deputado Chiquinho Brazão (sem partido-RJ) continuaria preso. Eles alegaram problemas de saúde e pediram licença médica na última segunda (8) e terça-feira (9), às vésperas da sessão para tratar sobre o caso.

Na noite da última quarta (10), a Câmara decidiu manter preso o suspeito de mandar matar a vereadora do Rio Marielle Franco.

A votação teve 277 votos favoráveis à manutenção da prisão, enquanto 129 foram contrários e 28 estavam lá, mas decidiram não votar. Outros 78 deputados não compareceram à sessão. Como eram necessários 257 votos para manter o congressista carioca na cadeia, foram apenas 20 de diferença que garantiram o resultado.

Os petistas que não compareceram à votação foram: Florentino Neto (PI), Luizianne Lins (CE), Waldenor Pereira (BA) e Washington Quaquá (RJ). Todos os 64 parlamentares do partido presentes votaram para Brazão continuar preso.

Vice-presidente nacional do PT, Quaquá afirmou à Coluna do Estadão, no dia da prisão de Brazão, em 24 de março, que era preciso ter “provas cabais” contra o também deputado do Rio para mantê-lo preso. A ausência e, consequentemente, o não endosso à manutenção da prisão preventiva do suspeito de mandar matar a vereadora motivaram pedido para a saída dele da direção da sigla.

Filiado desde 1980, o historiador Valter Pomar solicitou a inclusão na pauta da próxima reunião do diretório nacional do partido uma proposta pela redução do número de vice-presidências nacionais, que objetiva tirar Quaquá do cargo. Pomar já havia sugerido colocar o assunto em discussão no último dia 26, mas segundo ele, não foi atendido.

– Em decorrência disso [a não inclusão da pauta], somos obrigados a explicar porque um vice do PT não participou da votação sobre a prisão de Chiquinho Brazão. A falta de atitude de alguns, frente ao que diz e faz o Quaquá, está causando danos graves para todo o partido – disse.

A assessoria de imprensa de Quaquá afirmou que ele se ausentou da Câmara nesta quarta, dia da votação, porque tem um atestado médico desde a última segunda, por uma “síndrome gripal”.

A deputada Gleisi Hoffmann (PR), presidente nacional do partido, não comentou a ausência dos correligionários nem a inclusão da pauta sobre Quaquá na reunião nacional do partido. Ela está na China e votou remotamente a favor da manutenção da prisão de Brazão.

Os outros deputados também alegaram problemas de saúde para justificar a ausência na sessão. A assessoria de Florentino Neto informou que ele está afastado da Câmara desde terça, por um “problema sério de saúde”, e que o próprio ambulatório da Casa atestou a situação. Na tarde desta quinta (11), em seu perfil do Instagram, o deputado fez uma postagem sobre uma reunião que participou na parte da manhã, afirmando ainda estar se recuperando de uma virose.

O gabinete de Luizianne Lins disse que a deputada está afastada do trabalho durante toda a semana por causa de uma licença médica. O gabinete de Waldenor Pereira informou que ele está com suspeita de dengue desde terça-feira à noite e retornou ao seu estado na quarta de manhã, motivo pelo qual não pôde registrar a presença na sessão. Mas, segundo a equipe, ele seguiria a orientação do partido e votaria pela manutenção da prisão, caso estivesse possibilitado.

O líder da bancada do PT na Câmara, deputado Odair Cunha (MG), disse que não vai comentar as ausências da bancada.

– Por um motivo simples: os quatro que não votaram estão de licença médica – afirmou, via assessoria.

– Importante lembrar que o PT teve papel estratégico na votação na CCJ – disse, se referindo ao voto dos dez parlamentares petistas.

Amigo de Marielle, o deputado federal e atual presidente da Embratur, Marcelo Freixo (PT-RJ), acompanhou a votação no plenário. Freixo disse ao Estadão que a vitória na votação foi fundamental. Sobre a ausência dos colegas na sessão, o carioca afirmou: “que cada um que explique sua ausência”.

AE

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