Hospital Walfredo Gurgel suspende cirurgias eletivas
A Secretaria Estadual de Saúde Pública (Sesap) suspendeu nesta segunda-feira (19) as cirurgias eletivas agendadas no Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel. O maior Hospital público do Rio Grande do Norte está com uma sobrecarga depois de sofrer com uma alta demanda de pacientes, vítimas de acidentes e transferidos de outras unidades, de modo que foi dada prioridade à urgências. A confirmação da suspensão foi dada em nota pela Sesap, que não definiu quando esses procedimentos serão retomados.
“A Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap) e a direção do Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel esclarecem que o serviço de cirurgias eletivas da unidade sofreu uma interrupção parcial nesta segunda-feira (19) devido a uma sobrecarga na capacidade de atendimento, gerada tanto por demandas de pacientes advindos do interior do estado como pela ocorrência no final de semana de acidentes com múltiplas vítimas. As equipes do Walfredo Gurgel seguem trabalhando para a liberação das salas cirúrgicas e de pós-operatório para retomada plena das cirurgias o mais breve possível”, informou a nota.
Segundo a assessoria de imprensa da pasta, além da demanda, a retomada vai depender da dinâmica de evolução dos pacientes, mas não deve demorar a semana inteira. O Walfredo Gurgel realiza cirurgias eletivas seja com equipes próprias, ou com terceirizados. A capacidade é de fazer até 1.200 desses procedimentos mensais. Segundo a Sesap, as cirurgias de urgência seguem sendo feitas, mas as que já estavam agendadas devem sofrer com interrupção dos prazos.
O problema ocorre depois da Secretaria sinalizar no final da semana passada que junto à diretoria do hospital estava conseguindo reduzir o número de pacientes em macas nas áreas de circulação da unidade. Dos 120 pacientes no início da semana passada, havia apenas 18 nos corredores do hospital na manhã da sexta-feira (16).
O feito foi decorrente da transferência de pacientes que podiam ser atendidos em outras unidades de saúde, agilizando os encaminhamentos para unidades que realizam cirurgias ortopédicas, como o Hospital Deoclécio Marques, e intensificando a regulação reversa, isto é, encaminhando pacientes em condições de estabilidade a hospitais estaduais e municipais para concluir tratamentos medicamentosos. A reabertura de 20 leitos de retaguarda no João Machado (HJM), que hoje é um hospital de referência na área clínica, também teria ajudado.
Além disso, o secretário estadual de saúde, Cipriano Maia, informou que as medidas demandaram ações coordenadas com os órgãos de fiscalização de trânsito no sentido de intensificar as blitzen educativas e da Lei Seca, fundamentais para reduzir o fluxo de atendimento de vítimas de trânsito.
São justamente as vítimas de acidentes automobilísticos e fraturas entre pessoas idosas que demandam a maioria dos atendimentos da unidade. O Walfredo é voltado para pacientes clínicos graves e pessoas politraumatizadas, além de vítimas de arma de fogo e arma branca, por isso, a lotação no hospital não ocorreu de uma hora para outra.
Em agosto, a unidade registrou aumento de 35% no número de atendimentos por fraturas ortopédicas, sendo parte dessas assistências ligadas à acidentes. A primeira causa de internação é a queda com fratura de fêmur, seguida por acidentes de moto. A média mensal é de 600 atendimentos a motociclistas acidentados. Em agosto, o número saltou para cerca de 700.
Somente de acidentes de moto o aumento foi de cerca de 16% no mês passado, em comparação às médias dos meses anteriores. Esse tipo de acidente provoca lesões de extremidades, membros superiores e inferiores, e impactam diretamente no serviços de saúde.
Os ciclistas também não escapam. O número de internações de ciclistas causadas por traumas em acidentes triplicou entre 2018 e 2021 no Rio Grande do Norte, de acordo com dados da Associação Brasileira de Medicina do Tráfego (Abramet). As estatísticas apontam que foram 95 internações em 2018, subindo para 224 no ano seguinte, 272 internações em 2020 e 286 em 2021. O aumento é de 201% no período.
A boa notícia é que o número de vítimas fatais nos acidentes de trânsito diminuiu. Informações do Detran-RN apontam que a média mensal de óbitos por acidentes de trânsito tem sido a menor nos últimos cinco anos. Em 2022, o índice está em 37 mortes por mês. Em 2021, 2020 e 2019 a média era de 43 mortes, com 49 óbitos em 2018. Por outro lado, com maior número de vítimas não-fatais de acidentes, o impacto chega aos serviços de saúde aumentando a demanda.
O problema também se intensifica porque não há na Grande Natal outra unidade para resolver problemas simples da ortopedia, como uma situação que não precisa de cirurgia. Isso também decorre das chamadas “ambulâncias brancas”, que chegam de municípios do interior sem regulação, ou seja, sem que a unidade tenha conhecimento que vai receber aquele paciente, tendo que receber em condições de urgência. Desde o final de dezembro do ano passado, porém, o hospital realiza o processo de regulação, mas a porta não é totalmente regulada, já que se trata de um projeto a longo prazo.
Com a preocupante lotação no Walfredo, o secretário estadual de Saúde, Cipriano Maia, declarou que há perspectivas de abertura de 12 leitos específicos de ortopedia até o mês de outubro no Hospital Deoclécio Marques, em Parnamirim, para garantir mais um espaço de apoio para cirurgias ortopédicas. O hospital em Parnamirim já tem capacidade para cirurgias.
TN
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