05/06/2021

PRESIDENTE DA CBF EXIGIU QUE FUNCIONÁRIA DENUNCIANTE NEGASSE ASSÉDIO EM DOCUMENTO

Rogério Caboclo exigiu que funcionária assinasse documento negando assédio; ela recusou

A funcionária da CBF que acusou formalmente Rogério Caboclo de assédio moral e sexual também afirmou que o cartola exigiu que ela desse declarações falsas a jornalistas e assinasse um documento desmentindo os ocorridos denunciados por ela. Ela recusou.

A pressão do dirigente sobre a funcionária se deu depois que ela já tinha se afastado por motivos de saúde, o que ocorreu no dia 16 de março deste ano, quando os abusos teriam se tornado mais graves. A funcionária se negou a atender as exigências feitas por Rogério Caboclo.

Essas conversas ocorreram no âmbito de uma negociação para abafar o caso. Em troca de manter o silêncio sobre o caso – e mentir quando fosse instada por jornalistas a falar sobre o caso –, a funcionária receberia uma indenização e uma compensação financeira. Ela se recusou e nesta sexta protocolou a denúncia na CBF, como revelado pelo ge.

Em nota enviada à reportagem, a defesa de Rogério Caboclo afirma que ele nunca cometeu nenhum tipo de assédio. E diz que vai provar isso na investigação da Comissão de Ética da CBF.

A funcionária da CBF, que não terá seu nome revelado nas reportagens sobre o caso, também falou com o ge.

– Tenho passado por um momento muito difícil nos últimos dias. Inclusive com tratamento médico. De fato, hoje apresentei uma denúncia ao Comitê de Ética do Futebol Brasileiro e à Diretoria de Governança e Conformidade, para que medidas administrativas sejam tomadas.

Na denúncia, ela cita diversos exemplos de consumo excessivo de bebida alcoólica por parte de Rogério Caboclo. Ela era obrigada a colocar garrafas nos banheiros para que ele bebesse escondido e também que recolhesse as garrafas vazias. Em viagens, era orientada a pedir bebidas alcoólicas para ele nos hotéis – mas marcar o consumo no quarto dela para os registros não ficassem na conta dele.

Esse comportamento fazia com que ele esquecesse o que havia decidido e a culpasse por isso. Também resultou nos casos de assédio sexual e moral, além de desrespeitos frequentes a limites da jornada de trabalho, com telefonemas aos domingos e até durante as madrugadas.

Na denúncia, a funcionária detalha um caso ocorrido no dia 9 de março de 2021, na casa do dirigente em São Paulo, onde ela estava para trabalhar auxiliando Caboclo em reuniões presenciais e virtuais.

Após um dia inteiro de consumo de bebida alcoólica, o dirigente teria chamado a funcionária de "cadelinha", e em seguida ofereceu biscoitos de cachorro para ela. Como a funcionária o repreendeu, ele então passou a simular latidos, imitando um cachorro.

Pressionado internamente, Rogério Caboclo foi ao Beira-Rio para assistir ao jogo entre Brasil e Equador, nesta sexta, pelas eliminatórias.

Nenhum comentário: