07/02/2021

UFRN: ALUNA ACUSA PROFESSORA DE RACISMO

Acusada de racismo por aluna, professora da UFRN diz que teve falas distorcidas

A professora Flávia de Sá Pedreira do Departamento de História da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), que foi acusada por uma aluna de ter falas consideradas racistas, disse em entrevista ao Agora RN que teve as palavras distorcidas. A aluna Amanda Pereira e a docente discutiram na aula virtual da última terça-feira, 2. 

O caso ganhou repercussão após o Centro Acadêmico de História da instituição divulgar uma nota de repúdio nas redes sociais, afirmando que a docente teria posturas preconceituosas. Sobre isso, Flávia garantiu que em momento algum teve afirmações racistas. 

Segundo o Centro Acadêmico, a professora que leciona a disciplina de Historiografia Brasileira deu a entender que existe culpa dos povos negros pela própria escravidão nas colônias americanas. De acordo com Flávia, tudo começou quando ela disse que havia escravidão de negros na África antes da chegada dos europeus. Com isso, a aluna teria ficado surpresa e teria ainda solicitado que a docente dissesse quais autores falavam sobre o assunto. 

“Isso é um fato conhecido, tem autores africanistas que falam isso, tem especialistas e várias pesquisas que demonstram isso. A África vivia da escravidão de negros por negros, reinados negros escravizavam outros negros”, relatou Flávia. 

De acordo com a professora, outro aluno questionou se a escravidão imposta por europeus aos povos africanos não teria sido em maior proporção devido ao mercado capitalista. Segundo Flávia, ela explicou que houve um aumento no número de pessoas escravizadas sim, porém, não daria para afirmar que era pior pois “a escravidão por si só já era uma tragédia”. A docente disse que após essa fala, a aluna teria escrito no chat da videoaula uma mensagem agradecendo a observação do colega de classe. 

A professora, então, afirmou que mostrou em aula livros nos quais autores abordam esses temas e ainda publicou na plataforma virtual de ensino da UFRN (Sigaa) a lista com os nomes dos escritores. “Na aula seguinte eu já tinha colocado a relação dos autores no Sigaa”, afirmou. 

Ainda de acordo com a professora, a aluna teria dito que é do movimento negro e pediu para a docente ter cuidado na maneira de abordar o tema por ser uma mulher branca. Flávia disse que citou um historiador negro que afirmava os mesmos fatos que ela estava explicando. 

“Então eu coloquei um vídeo documentário no qual aparecem dois historiadores, um que eu já conheço e outro historiador negro que é senegalês, mas não lembrei o nome dele. Nesse momento a aluna disse: ‘tá vendo, você falou o nome do historiador branco, e do negro, você se referiu como um professor negro’”, contou. 

A professora disse que questionou se por ser branca não poderia falar sobre a escravidão negra. Flávia contou ainda que em momento algum afirmou que os povos negros eram responsáveis pela própria escravidão. Ainda segundo a professora, a aluna gravou a última aula, na terça-feira 2, e enviou para o Departamento de História. Ambas foram ouvidas em momentos diferentes, porque segundo a docente, Amanda não quis realizar uma acareação. 

Sobre ter dito para a aluna trancar a disciplina, Flávia afirmou que, de fato, aconselhou Amanda a fazer isso pois estava com os ânimos exaltados devido à discussão no momento da aula. No entanto, neste semestre, apenas Flávia está ministrando a disciplina de Historiografia Brasileira. A professora garantiu que não há problemas e que não vai impedir a discente de continuar cursando a matéria. 

A docente disse que fez uma denúncia contra a aluna na Ouvidoria da UFRN e que ainda será aberta uma sindicância para apurar os fatos. “Fiz a queixa porque ela foi me caluniar, e racismo é crime, é grave. Ela está me caluniando publicamente, fora da universidade”, afirmou. 

Entenda o caso 

O Centro Acadêmico de História da UFRN denunciou uma fala que considerou racista da professora Flávia durante aula do dia 2 de fevereiro, expondo o caso nas redes sociais. O Agora RN entrou em contato com a aluna Amanda Pereira, que relatou como ocorreu o episódio em entrevista publicada na quarta-feira 4. Com a repercussão, a vereadora de Natal Brisa Bracchi (PT) comentou a situação no perfil do Twitter, dizendo estar revoltada com o caso.

Agora RN

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