03/01/2021

RS: VEREADOR DO PSOL SE RECUSA A CANTAR HINO DO ESTADO

Vereador negro se recusa a cantar “hino racista” em Porto Alegre

Ao tomar posse no cargo de vereador em Porto Alegre, Matheus Gomes (Psol), historiador e negro, se recusou a cantar o hino do Rio Grande do Sul durante cerimônia nessa sexta-feira (1º/1).

A recusa se deu pelo que ele considera um conteúdo racista da composição, que foi oficializada como símbolo do estado em 1966.

A atitude do vereador acabou provocando reação da vereadora Comandante Nádia (DEM), ainda durante a posse. Ao discursar, a vereadora, que é branca, defendeu que seu colega cometeu uma descompostura ao não se levantar durante a execução do hino e que ele deveria primeiro respeitar os símbolos oficiais do Estado.

Após a fala da parlamentar, o vereador pediu uma questão de ordem e afirmou:

“Nós, como bancada negra, pela primeira vez na história da Câmara de Vereadores, talvez a maioria daqui que já exerceram outros mandatos não estejam acostumados com a nossa presença, não temos obrigação nenhuma de cantar um verso que diz: ‘povo que não tem virtude acaba por ser escravo’”, defendeu-se.

Uma das estrofes da canção composta por Francisco Pinto da Fontoura, conhecido com o Chiquinho da Vovó, canta: “Mas não basta, pra ser livre/Ser forte, aguerrido e bravo/Povo que não tem virtude/Acaba por ser escravo”.

A recusa do vereador também recebeu apoio nas redes sociais.
Alterações

Antes de virar símbolo oficial do Rio Grande do Sul, a letra da canção já havia passado por alterações com trechos suprimidos no mesmo decreto que o oficializou, a lei nº 5.213, de 5 de Janeiro de 1966. 

Oficialmente, existem registros de três letras diferentes para o hino. Quando a canção foi oficializada, em plena ditadura militar, o trecho suprimido falava em “tiranos” na Grécia antiga. “Entre nós reviva Atenas/para assombro dos tiranos/Sejamos gregos na glória/e na virtude, romanos”.

Confira a letra atual do hino:

Como a aurora precursora

Do farol da divindade

Foi o Vinte de Setembro

O precursor da liberdade.



Mostremos valor, constância

Nesta ímpia e injusta guerra.

Sirvam nossas façanhas

De modelo a toda terra.

De modelo a toda terra



Sirvam nossas façanhas

De modelo a toda terra.

Mas não basta pra ser livre

Ser forte aguerrido e bravo

Povo que não tem virtude

Acaba por ser escravo.



Mostremos valor, constância

Nesta ímpia e injusta guerra.

Sirvam nossas façanhas

De modelo a toda terra.

De modelo a toda terra

Sirvam nossas façanhas

De modelo a toda terra.


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