25/11/2020

E AGORA MANÉ?

(PARODIANDO CARLOS DRUMOND DE ANDRADE)

Por: Carlos Supla.


E agora José?
A eleição acabou.
A festa calou.
O povo sumiu e anoite esfriou.

E agora João?
O que será de você?
Você que é anônimo e brigava com os outros.
Você que fez fake, mesmo assim protestou.

E agora Francisco?
Teu candidato ganhou.
Mas, o bolo é pequeno e está sem trabalho.
Está sem discurso.
Está sem mulher.
O jeito é beber. O jeito é fumar. Com direito a cuspir.

Francisco e agora?
Tudo acabou.
As noites, tardes acabaram.
O trio, as caminhadas, carreatas, barulhos sumiram.
O paredão desabou.
A camiseta é doada ao pobre.
A bandeira agora limpa o chão.
O boné do partido, o mendigo protege do sol.
E tudo mofou.
Pobre Francisco.
Francisco Agora?

E agora Raimunda?
Tudo era "mara". Mas, o mar secou.
Agora quer ir para Minas. Mas, Minas não há mais.
Com a chave na mão, quer abrir a porta. 
Sozinha no escuro. 
Igual a bicho do mato.
Tudo acabou.
Raimunda e agora?


E agora Maria?
O que vale sua palavra?
Quem pagará seu cabelo?
Sua maquiagem impecável.
Você que gritava.
Você que cantava.
Se você dormisse, mas, você não dorme. Se você cansasse, mas, você não cansa. Você é forte Maria. Não morre tão cedo.
No seu sorriso cantando alto.
Respondendo o locutor.
Com seus braços pra cima.
Como se louvasse um deus, chegando a chorar.
E agora Maria? Maria e agora?


E agora Mané?
Teu candidato perdeu.
Tudo acabou. Não foi dessa vez.
Já não pode chorar. Sorrir já não pode.
A esperança é o consolo. De uma próxima copa do mundo. Bola pra frente Mané.
Mané e agora?
Mané, não chora Mané.
Marcha Mané...Mané para onde?

Manéééé para ooondeee...?


Tenho dito.

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