Acareação determinada por Toffoli favorece plano da defesa do Banco Master
A estratégia da defesa do Banco Master para contestar a extinção da instituição ganhou um novo fôlego com as recentes decisões do ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Após conseguir o deslocamento das investigações para a Corte sob segredo de justiça, os representantes legais focam agora em desgastar a imagem do Banco Central (BC). O objetivo central é invalidar a liquidação da casa bancária e, futuramente, pleitear indenizações.
O cenário de pressão se intensificou após Toffoli rejeitar solicitações da Procuradoria-Geral da República (PGR) e do próprio Banco Central para interromper a acareação marcada entre o dono do Master, Daniel Vorcaro, o ex-presidente do BRB, Paulo Henrique Costa, e o diretor de Fiscalização do BC, Ailton Aquino. Embora o magistrado tenha pontuado que “Aquino não é investigado”, a condução do rito coloca todos em posição similar de confronto de versões, apesar de nenhum deles ter sido formalmente ouvido até o momento.
Informações divulgadas originalmente pelo jornal O Globo revelam que a decisão de liquidar o Master foi tomada por unanimidade pela diretoria colegiada do BC, incluindo o voto do presidente Gabriel Galípolo. No entanto, Ailton Aquino destacou-se como a principal voz dissonante antes do desfecho, sendo visto no setor financeiro como um entusiasta dos interesses do Master.
Relatos indicam que o Fundo Garantidor de Crédito (FGC) emitiu 38 alertas sobre falhas de liquidez e divergências nos balanços do banco de Vorcaro. A maioria desses comunicados era encaminhada à diretoria de Aquino, que, segundo participantes de reuniões presenciais, costumava minimizar a gravidade dos problemas apresentados.
A defesa aposta no histórico de decisões do ministro Toffoli para tentar obter um parecer contrário aos técnicos da autarquia. Paralelamente ao STF, os advogados também atuam junto ao Tribunal de Contas da União (TCU). O ministro da Corte de Contas, Jhonatan de Jesus, já interpelou o Banco Central para que justifique a medida de liquidação, que ele classificou como um ato extremo.
A movimentação ocorre em um contexto de questionamentos sobre a neutralidade de Toffoli, após o episódio em que o magistrado viajou em uma aeronave particular pertencente a um empresário, na companhia do advogado de um dos alvos da investigação. Desde então, observadores apontam que suas deliberações têm convergido com os pleitos da defesa do Master.
DP

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