Ano novo, velhos tropeços
Ela começou 2016 repetindo os velhos erros que fizeram de sua gestão
em 2015 uma das piores da história da República. No ano passado, o
declínio brasileiro – o PIB sofreu o maior revés em duas décadas e meia –
sacramentou que a política econômica do governo estava equivocada. E o
que fez Dilma agora? Adotou o mesmo famigerado receituário. Com as
finanças públicas em situação falimentar, o governo recorreu a um velho
freguês para dar um alívio a suas contas: o contribuinte.
No apagar das luzes de 2015, em edição extra do Diário Oficial
publicada no dia 31 de dezembro, a presidente sancionou a medida
provisória 690, que retirou a isenção tributária sobre equipamentos
eletroeletrônicos. Ela também validou a mudança nas regras dos cálculos
dos impostos sobre alguns tipos de bebidas. Com a canetada, Dilma
encareceu os preços de artigos como computadores, tablets, smartphones,
vinhos, uísques e cachaças (leia o quadro). Mais grave ainda: o pacote
de maldades está longe de terminar. O governo continua articulando
entre os aliados a volta da CPMF, o velho imposto do cheque, com
alíquota de 0,38% sobre qualquer transação financeira. A cobrança,
impopular inclusive entre os parlamentares, penaliza sobretudo as
pessoas mais pobres. Durante um café da manhã com jornalistas na
quinta-feira 7, Dilma voltou a defender o tributo e também falou em
aumentar a idade mínima para aposentadoria, como uma tentativa de
solucionar o rombo da Previdência.
Em entrevistas recentes, Nelson Barbosa, o novo ministro da Fazenda,
disse que será preciso o compromisso de toda a sociedade para ajudar o
País a sair do atoleiro. O esforço coletivo seria justo se o governo
fizesse a sua parte. Mas a presidente não parece disposta a dar a sua
cota de sacrifício. Essa é a conclusão de um levantamento feito por
ISTOÉ, que elencou as promessas da reforma administrativa anunciadas por
Dilma no ano passado.
Em agosto, o governo anunciou o projeto que previa a extinção de dez
dos 39 ministérios, mas só oito de fato desapareceram. Também foi
alardeado com estardalhaço o enxugamento de 3 mil cargos comissionados,
que são aqueles que não precisam de concurso público para admissão. Até
agora, porém, foram eliminados apenas 370, ou 12% do prometido.
O símbolo da disposição do governo em cortar na própria carne seria a
redução de 10% dos salários de ministros, da presidente e seu vice. No
dia 6 de outubro de 2015, a Presidência enviou a proposta ao Congresso,
mas o texto aguarda votação na Comissão de Constituição e Justiça da
Câmara dos Deputados. Na lista de ideias inusitadas para fazer caixa, a
equipe econômica prometeu criar uma central de automóveis que diminuiria
a frota, reduziria os gastos e otimizaria a prestação do serviço. A tal
central jamais saiu do papel. O ministério do Planejamento diz que o
tema está em estudo e deve ser implementado como um projeto-piloto ainda
no primeiro semestre. Outros compromissos assumidos para a geração de
receita foram a revisão de todos os contratos de aluguel da União e a
venda de imóveis ociosos. Por enquanto, apenas 20 unidades estão em fase
de leilão. Outras 119 construções devem ser colocadas à venda, segundo o
Planejamento, “ainda em 2016”.
Leia a reportagem completa em http://www.istoe.com.br/reportagens/444254_ANO+NOVO+VELHOS+TROPECOS?pathImagens=&path=&actualArea=internalPage
Istoé
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