10/08/2013

AUGUSTINHO DA MERDA



Artigo. 
Por Ricardo Sobral 

A HISTÓRIA DE AUGUSTINHO DA MERDA REFLEXÕES INEPTAS DE UM OBSERVADOR ALEATORIO, EMBORA ATENTO. 
  
Narciso, herói  de Téspias, Beócia, famoso pela sua beleza e orgulho, segundo a mitologia grego-romana, incontrolavelmente apaixonado por sua própria imagem refletida na água, na impossibilidade física de concretizar sua paixão, cometeu suicídio, afogando-se no lago. Daí o adjetivo narcisista, que define aqueles apaixonados pela própria imagem.  
Para Maquiavel, pai da ciência política, “todos vêem o que pareces, poucos percebem o que és”. Na mineralogia tem um minério chamado pirita, vulgarmente conhecido como ouro de tolo. É por esta razão que a sabedoria popular apregoa que “nem tudo que reluz é ouro”.  
Falar em minério, Augustinho de Papanta foi caçar na serra em uma noite sem luz. Perdeu-se. Três dias depois, com fome e sede, achou uma vereda que dava acesso a uma antiga mina abandonada.  
Ao se aproximar uns trinta metros da garganta da gruta escavada na pedra bruta, viu um brilho amarelado, cintilante, refletindo raios em todas as direções. Cambaleante e encandeado, vendo sua própria imagem refletida naquela substancia não se conteve e gritou com todos os pulmões: bamburrei, achei ouro, estou rico. 
Ajoelhou-se, benzeu-se, balbuciou todas as orações que aprendera na cruzadinha da igreja, espalmou as mãos em concha, apurou os sentidos, juntou todo o seu achado e o aproximou do rosto, sentiu o cheiro. Só então abriu os olhos com que viu que não vira.  
Desse dia em diante passou a ser conhecido por Augustinho da Merda.  
Finou-se em avançado estado de loucura. A quem o cumprimentava, respondia – gato não é lebre. Enxergar não é ver.   
Moral da história: visão é a capacidade de enxergar além do que os olhos são capazes.

Nenhum comentário: