ONU pressiona Brasil por custos de hospedagem da COP30 em Belém
Apenas 18 das 198 delegações da COP30 garantiram hospedagem para a conferência da Organização das Nações Unidas (ONU), marcada para novembro em Belém (PA). Além disso, 90% delas consideram que os preços estão muito altos.
As informações constam em dois documentos do braço climático da ONU, a UNFCCC, divulgados pelo jornal Folha de SPaulo nesta sexta-feira, 22. São eles: uma carta do secretário-executivo da entidade, Simon Stiell, enviada ao Brasil nesta quinta-feira, 21, e uma pesquisa com os países membros.
O levantamento ouviu 186 dos 198 integrantes, sendo 147 nações. “A pesquisa mostra que cerca de 90% dos que responderam ainda não reservaram acomodações; destes, 88% apontaram os altos custos bem acima do que podem pagar como a barreira principal”, diz o documento.
Também nesta sexta-feira, o governo federal divulgou que apenas 47 países confirmaram presença no evento. Esse número representa menos de um quarto do total de delegações.
Destes, 39 países reservaram hospedagem pela plataforma oficial do governo, enquanto outros oito — Egito, Espanha, Portugal, República Democrática do Congo, Singapura, Arábia Saudita, Japão e Noruega — negociaram diretamente com hotéis.
A organização da conferência afirmou que a coleta dos dados da UNFCCC não refletem a atualização mais recente. Em nota, a Secretaria Extraordinária da COP30 disse que “em contraste, as informações apresentadas pelo governo brasileiro estão atualizadas.”
Carta do secretário-executivo da UNFCCC sobre COP30
Hotéis da capital paraense se recusaram a explicar os preços cobrados e a assinar acordo para limitar reajustes. Pela primeira vez, a UNFCCC formalizou pedido para que o Brasil subsidie os custos, sugerindo que diárias não ultrapassem US$ 100 para delegações de países pobres e insulares.
Na carta, Stiell pede que o governo custeie parte das hospedagens, sobretudo para países menos desenvolvidos. Ele afirma que já não é viável reduzir a escala da conferência, como antes recomendado.
O texto também mostra que os desafios logísticos se tornaram o principal foco da cobertura internacional, ofuscando os temas centrais do encontro. Em julho, negociadores já haviam pedido que a conferência fosse parcialmente retirada de Belém, hipótese rejeitada pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva.
revistaoeste
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