Argentina nega ter recebido pedido de asilo de Bolsonaro
Autoridades do governo argentino disseram que não receberam qualquer pedido de asilo político por parte do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A informação foi repassada a veículos de imprensa, após a Polícia Federal (PF) divulgar ter encontrado um documento no celular do ex-chefe do Executivo brasileiro no qual ele pede asilo ao presidente Javier Milei, seu aliado.
Segundo as fontes não identificadas que falaram à agência de notícias Reuters, à CNN Brasil e também ao portal G1, nenhum pedido do tipo chegou à Casa Rosada, sede da Presidência argentina.
O documento relatado pela PF tratava-se de um arquivo de texto nomeado “Carta JAIR MESSIAS BOLSONARO.docx”, salvo em fevereiro de 2024, dois dias após o líder conservador brasileiro ter seu passaporte apreendido por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
– Os elementos informativos encontrados indicam, portanto, que o ex-presidente Jair Bolsonaro tinha em sua posse documento que viabilizaria sua evasão do Brasil em direção à República Argentina, notadamente após a deflagração de investigação pela Polícia Federal com a identificação de materialidade e autoridade delitiva quanto aos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito por organização criminosa – afirma o relatório da PF.
O arquivo que os agentes relatam ter encontrado não tinha nem data, nem assinatura inseridas. Nele, o ex-presidente se apresentaria como “perseguido político no Brasil” e afirmaria temer por sua própria vida.
– Eu, Jair Messias Bolsonaro, solicito à Vossa Excelência [Milei] asilo político na República da Argentina, em regime de urgência, por eu me encontrar na situação de perseguido político no Brasil, por temer por minha vida, vindo a sofrer novo atentado político, uma vez que não possuo hoje a proteção necessária que se deve dar a um ex-chefe de Estado, bem como por estar na iminência de ter minha prisão decretada, de forma injusta, ilegal, arbitrária e inconstitucional pelas próprias autoridades públicas que promovem a perseguição contra mim, diretamente da mais alta Corte do Poder Judiciário brasileiro – diz o arquivo, que contém 33 páginas.
Paulo da Cunha Bueno, advogado de Bolsonaro, diz que a carta de asilo foi uma sugestão descartada imediatamente, e que a fuga “nunca foi uma opção”.
– Depois de rejeitar a ideia do asilo, o ex-presidente não apenas permaneceu no Brasil, como compareceu a todos os atos do processo contra ele, inclusive àqueles para os quais não foi convocado – disse ele à Folha de S.Paulo.
O ministro Alexandre de Moraes deu prazo de 48 horas para a defesa de Bolsonaro prestar esclarecimentos sobre o documento.
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