23/08/2025

ALERTA: ESTUDO REVELA QUE O BRASIL LIDERA POPULAÇÃO SOB REGRAS DE FACÇÕES CRIMINOSAS NA AMÉRICA LATINA

Brasil lidera América Latina em população sob regras de facções criminosas, revela estudo

O Brasil é o país da América Latina com o maior percentual da população vivendo sob as regras impostas por organizações criminosas, aponta o estudo “Governança Criminal na América Latina: Prevalência e Correlatos”, publicado pela Cambridge University Press e elaborado por quatro pesquisadores de universidades americanas.

Segundo a pesquisa, entre 50,6 e 61,6 milhões de brasileiros – cerca de 26% da população – estão sujeitos à chamada governança criminal, um conjunto de regras impostas aos moradores por facções que controlam determinados territórios.

O levantamento se baseou na edição de 2020 da pesquisa Latinobarómetro, realizada por uma organização chilena que acompanha anualmente a opinião pública em 18 países da região. Os pesquisadores estimam que entre 77 e 101 milhões de pessoas na América Latina vivem sob a influência de grupos criminosos, equivalente a 14% da população desses países.

Depois do Brasil, os países com maior número de cidadãos submetidos às regras das facções são: Costa Rica (13%), Honduras (11%), Equador (11%), Colômbia (9%), El Salvador (9%), Panamá (9%) e México (9%). O estudo destaca que essas regras impactam todos os aspectos da vida comunitária, incluindo eleições e acesso a serviços públicos.

Facções podem reduzir ou aumentar homicídios

Os pesquisadores observam que a presença de facções nem sempre aumenta a criminalidade. Em alguns casos, como São Paulo nos anos 2000, houve redução nos homicídios, fenômeno associado à ascensão do Primeiro Comando da Capital (PCC) e a acordos de paz firmados por grupos em outros países, como as maras em El Salvador e os combos de Medellín, na Colômbia.

O estudo também desafia a ideia de que facções surgem apenas em áreas sem presença estatal. Segundo Benjamin Lessing, professor de ciência política da Universidade de Chicago, o contrário é mais comum:

“No Brasil, as facções são muito fortes e o país tem um Estado robusto. Onde surgiram essas facções? No Rio e em São Paulo, especialmente o PCC, que nasceu no estado mais rico da União.”

Lessing levanta a hipótese de que a repressão estatal – como altos níveis de encarceramento, combate ao tráfico e operações policiais dentro de territórios controlados por facções – pode, paradoxalmente, fortalecer a governança criminal:

“Quanto maior a ameaça da polícia entrar e apreender drogas, mais a facção tem incentivo para governar um território. A repressão estatal funciona como motor da governança criminal.”

Limitações do estudo

Os autores reconhecem limitações significativas na pesquisa. Os dados tendem a subestimar a prevalência da governança criminal, já que o levantamento da Latinobarómetro aborda apenas algumas atividades centrais das facções e enfrenta dificuldades para acessar áreas sob forte controle de gangues.

“Se você perguntar se o local tem muito crime, as pessoas vão dizer que sim. Mas se perguntar se o crime controla e impõe ordem, é menos comum que o entrevistado perceba isso. Esse tipo de pergunta reduz falsos positivos”, explica Lessing.

O estudo reforça a complexidade do fenômeno da governança criminal na América Latina e seu impacto direto na vida de milhões de pessoas.

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