'FILHOS DO MANGUE': FILME QUE TEM BARRA DE CUNHAÚ COMO CENÁRIO ESTREIA NOS CINEMAS DE TODO BRASIL

Com cenário potiguar, “Filhos do Mangue” estreia nos cinemas de todo o Brasil

O filme “Filhos do Mangue”, que tem Barra de Cunhaú como cenário, entra em circuito nacional nesta quinta-feira (17). A obra, dirigida por Eliane Caffé, teve uma pré-estreia potiguar no domingo passado, sendo exibida numa praça pública da Barra, conhecida área de pesca e turismo no município de Canguaretama. O longa teve sua estreia nacional no Festival de Cinema de Gramado, onde conquistou os prêmios de melhor direção e atriz coadjuvante. Em Natal, estará no cinema Moviecom.

O mangue potiguar é pano de fundo para a história de Pedro Chão (Felipe Camargo), um homem violento e desregrado. A amnésia repentina o fez esquecer uma existência que ninguém gostaria de lembrar. Em seu processo de reconstrução, ele vai encontrar as pessoas de sua convivência. Entre seus muitos acusadores, estão a ex-esposa, vivida pela atriz potiguar Titina Medeiros, e a filha. Titina, aliás, ganhou o prêmio de melhor atriz coadjuvante no Tela Cariri (CE) por esse papel.

Os residentes locais acusam Pedro Chão de roubo e tentam, em vão, que ele recupere a memória – e devolva o dinheiro. Em um julgamento popular, vem à tona uma trama que envolve violência doméstica, de gênero, tráfico de pessoas e desvio de verba pública. Condenado ao isolamento, ele busca um novo sentido para sua vida.

Ainda que o filme lide com traumas e temas particularmente espinhosos como violência doméstica e exploração do trabalho, a narrativa de “Filhos do Mangue” acha espaço para a ironia e alguma leveza nas andanças do protagonista. “O humor pode ser uma ferramenta valiosa para humanizarmos questões complexas e áridas”, ressaltou a diretora.

Outro ponto chave da trama é o mangue, que retrata no filme a nascente da pesca familiar, devorada pela exploração de terceiros, e, ao mesmo tempo, serve de expressão da natureza. Como um náufrago perdido na memória, Pedro Chão procura por respostas no coração do mangue. O projeto original baseia-se em argumento adaptado do livro “Capitão”, de Sérgio Prado.

Eliane Caffé (de “Narradores de Javé”) contou que a geografia da Barra de Cunhaú influenciou a dinâmica do filme. “Quando chegamos na Barra, tudo foi virado do avesso. A própria localidade e seus personagens começaram a apontar novos caminhos de narrativa”, relembrou a cineasta. A direção também deu espaço a improvisações em quase todas as cenas, porém mantendo a estrutura do roteiro. As gravações envolveram moradores de Cunhaú, a comunidade indígena Katu, e trabalhadores de cooperativas da região.

TN