Em atrito com governadores, Jair Bolsonaro acena ao DEM
Em atrito com governadores do Nordeste, o presidente Jair Bolsonaro apelou nesta terça-feira, ao “carlismo” e ao DEM na sua segunda viagem à região. Bolsonaro cedeu espaço privilegiado no palanque de inauguração do aeroporto de Vitória da Conquista ao principal adversário do PT na Bahia, o prefeito de Salvador, ACM Neto, tido como futuro candidato ao governo do Estado ou ao Palácio do Planalto.
Herdeiro político do ex-governador Antônio Carlos Magalhães, ACM Neto preside o DEM, partido com três ministros e as presidências da Câmara e do Senado. Embora o partido vote na Câmara 96% das vezes a favor do governo, líderes da sigla rejeitam se declarar como integrante da base aliada.
Em um gesto à legenda, que planeja ser uma alternativa de centro-direita na eleição de 2022, Bolsonaro fez uma série de elogios ao avô ACM (morto em 2007), que liderou o carlismo na Bahia, e o antigo PFL no Senado, em oposição ao PT e ao ex-presidente Lula. "Conheci o velho ACM no final dos anos 80 quando era vereador no Rio, um homem forte, combativo, leal e extremamente preocupado e devotado para com seu povo da Bahia. Deixou ele, na segunda e na próxima geração, bons frutos. Lá na frente, se Deus quiser, você (ACM Neto) ocupará um dia a honrosa cadeira que eu ocupo", discursou Bolsonaro a uma plateia de empresários e políticos locais.
Rival político de Neto, o governador Rui Costa (PT) boicotou a inauguração. Ele desistiu de comparecer ao evento por uma disputa pela "paternidade" da obra e não enviou representantes por achar que a cerimônia seria uma "convenção político-partidária" a favor de Bolsonaro. O petista vetou ainda que a Polícia Militar realizasse o policiamento do ato, contrariando uma praxe em eventos presidenciais e um pedido oficial do Gabinete de Segurança Institucional (GSI).
O porta-voz da Presidência, Otávio do Rêgo Barros, disse que Bolsonaro considerou a decisão de Rui Costa "uma irresponsabilidade". "A ação irresponsável daquele governante deixou vulnerável a população baiana. Caso houvesse ocorrido algum tipo de tumulto, desentendimento, brigas, a PM não estaria presente para resolver o problema", disse o porta-voz.
O novo aeroporto foi construído numa parceria entre os governos federal e estadual ao custo de R$ 106 milhões. Parte dos recursos veio de emendas parlamentares, entre elas, uma do pai do prefeito, o ex-senador ACM Junior.
"Vejo, presidente, nos últimos dias, instaurar-se uma polêmica absolutamente desnecessária. Quero parabenizar a postura do senhor, que disse claramente que essa obra não é do político A ou do político B, do partido A ou do partido B. Essa obra é do povo", afirmou ACM Neto.
TN
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