MEMÓRIAS
COLÉGIO SANTA ÁGUEDA
Por: Abrahão Lopes (*)
Este ano
o Colégio Santa Águeda (CSA), de Ceará-Mirim - RN, completa 75 anos de
fundação. Esta escola foi de grande importância na minha formação, tanto
acadêmica como pessoal, pois foi lá onde estudei o ensino fundamental (na época
se chamava 1º grau menor e maior), fiz grandes amizades e fui moldado para a
vida.
Escrevo
este texto para compartilhar algumas memórias que me vem à mente agora,
exatamente 20 anos após eu ter cruzado pela última vez os portões do “colégio
amado, fonte de cultura”.
Em julho
de 1987, minha família foi morar em Ceará-Mirim por conta do trabalho do meu
pai. Eu tinha 6 anos de idade e tinha mudado de cidade duas outras vezes no
período de um ano. Era estranho estar em um lugar novo, mas não consigo me
recordar de nenhum colega de escola antes desse período, então não senti muita
falta das escolas anteriores.
Entrei no
CSA na 2ª série, na classe da Tia Íris. Não recordo muitas coisas que
aconteceram naquele ano, exceto que pouco depois de minha chegada houve uma
festinha na casa da Tia Íris. Eu ainda não conhecia nenhum dos colegas de
classe e era tratado como “o novato”. Lembro que sempre que tocava uma música
lenta, uma menina vinha dançar comigo. Foi uma boa recepção. =)
No ano
seguinte, 3ª série, fiquei na classe da Tia ... Puxa! Esqueci o nome dela. =(
Mas ainda lembro seu rosto. Neste ano eu participei pela primeira vez dos
tradicionais Jogos Internos, na modalidade futebol de salão. Digo de antemão
que eu nunca fui um bom atleta, pois eu era bem gordinho nessa época e mal
conseguia correr atrás da bola. #)
1989, foi
o primeiro ano que estudei pela manhã. Fiquei na classe da Tia Bahia, na 4ª
série. Era uma professora muito carinhosa e que sempre se vestia de azul ou
branco. Eu fazia academia de karatê em frente à casa dela e as vezes quando
terminava o treino eu ia lá conversar com ela...e tomar muita água =) Uma vez
ela me deixou responsável por anotar o nome de quem bagunçava na classe
enquanto ela saiu para falar com alguém... a classe inteira veio em cima de mim
dizendo que não anotasse nada, senão... Que medo! Também foi o último ano que
joguei futebol de salão nos jogos internos, até ganhei uma medalha... sem nem
ter pisado na quadra.
Não posso
deixar de comentar sobre os momentos divertidos fora das aulas. Havia uma área
arborizada ao lado da escola que todos chamavam de “o Sítio”. Era lá onde
aconteciam aulas de recreação e até algumas aulas de educação física, com o
professor Casquinha (só vim descobrir o nome desse professor muitos anos
depois, pois todos só chamavam pelo apelido). Casquinha também gostava de fazer
umas aulas nas escadarias da praça em frente à escola e até algumas corridas
pelas ruas próximas. Tinha também a quadra de esportes, onde muitos garotos
jogavam bola no intervalo, e sua “arquibancada”, onde outros, como eu, sentavam
para comer o lanche.
Ah! Não
dá pra falar em lanche sem citar a cantina. Todos os alunos só queriam lanchar
salgadinho PIPPOS e refrigerante. A cantina ficava no “galpão”, uma área
coberta onde aconteciam quase todos os eventos da escola. Nele participei de
várias gincanas, em uma delas até fiz cover de Leandro e Leonardo (Pensa em
mim...) para ganhar pontos para minha turma. =) Em outra, encenamos a Escolinha
do Professor Raimundo, e eu fazia o personagem Paulo Cintura (iiiiissaaaaaaa!
Cheio de saúde!), que estava mais para Paulo Gordura... que vergonha... #) Mas
esse teatro fez tanto sucesso que foi parar na abertura dos jogos escolares, no
ginásio de esportes Aderson Elói, onde apresentamos para uma platéia enorme...
#)
Outra
curiosidade sobre o colégio é que, todos os dias antes do início das aulas, uma
música era tocada em um alto-falante que apontava para fora da escola (por
muito tempo foi “Tema de Lara”). Enquanto a música tocava, os alunos entravam e
formavam filas no galpão, cada um segundo sua turma. Uma das irmãs (sim, o CSA
é um colégio de freiras) vinha rezar com todos os alunos e só então as
professoras conduziam os alunos para suas salas.
Mesmo
depois da oração, ainda tinha alguns alunos que não se acalmavam, ficavam
bagunçando na classe e acabavam por ficar de castigo “em pé na escada”. Quem
estudou lá vai lembrar disso!
É uma
besteira, mas vou contar assim mesmo. Por volta desse período, a escola comprou
a primeira máquina de Xerox. Até então tudo era feito na base do mimeógrafo
(cheirinho de álcool nas provas... huummmm....). A galera fazia fila na
secretaria para tirar Xerox de revistas com fotos de artistas e cantores. Se
não me engano, era Zeca quem trabalhava nesse setor e tinha que agüentar
Angélicas, Xuxas, Zezés di Camargo, e companhia saindo da bandeja de cópias. =)
Em 1990,
cheguei à 5ª série, o famoso 1ª grau maior. Era a partir desta série que
tínhamos um professor para cada matéria. Os que eu lembrei agora foram: Ana
Cláudia (Inglês), Tadeu (Matemática/Geografia/Ciências), Williams (Matemática),
Gerinaldo (História) e sua esposa Ana (Português), Gian Carlos (História),
Ionaldo (Inglês), Fernando (Religião), Dra. Célia (Português), Edilúzia
(Ciências, todos os meninos eram apaixonados por ela), Laizinha (Geografia),...
peço desculpas aos que não citei, minha memória não está ajudando. Foi na 5ª
série que tirei minha primeira nota “vermelha”, em História. Nunca fui bom com
nomes e datas. =(
Neste ano
também comecei a participar da Banda de Música do colégio. O maestro Marcondes
era bem durinho e tive que me esforçar para aprender a corneta e inúmeras
músicas. Confesso que na primeira apresentação eu só sabia tocar uma =) as
outras eu ia só dublando ou tocando apenas as partes que eu sabia. Foi uma
época muito boa! Fomos convidados por quase todas as escolas da cidade e até de
outras cidades para tocar em desfiles, viajamos até para Nova Cruz, Bom
Conselho e para Barreiros, para um concurso de bandas. Fizemos grandes
sacrifícios para comprar uniformes e novos instrumentos. Daria um livro todas
as histórias dessa turma. Continuei na banda até o fim da 8ª série, mas nessa
época já não era a mesma coisa. =’(
Outra
coisa que eu gostava eram as festas juninas. Participei das quadrilhas todos os
anos do 1º grau maior, inclusive um ano eu fui o noivo e até ensaiamos uma peça
do Coronel Ludugero. Por causa disso, até hoje eu gosto de participar de
quadrilha improvisada =)
No ano
seguinte, 1991, eu na 6ª série, o destaque da minha classe, e da escola
inteira, eram as meninas do time de Handball. O CSA se deu muito bem nos JERNs
(Jogos Escolares do Rio Grande do Norte) e as meninas ficaram famosas. Algumas
até receberam bolsas de estudo em colégios de Natal só para jogar no time
deles. Engraçado é que os treinos de handball haviam começado há pouco tempo,
antes se jogava “queimada”. Sorte de principiante? Que nada! As meninas eram
feras mesmo!
Na saída
da escola o pessoal corria para o carrinho de confeitos da Lindalva. Às vezes
tinha churros pra vender, outras vezes tinha pitomba. Era a hora de se encher
de besteiras antes do almoço, enquanto esperava o pai vir buscar (ou “a Kombi”)
e levar uma bronca da mãe por não querer almoçar.
Foi por
volta desse ano que fiz minha 1ª comunhão na igreja católica, tanto as aulas de
catecismo quanto a missa aconteceram na capela que tinha dentro do colégio. Fui
poucas vezes lá depois disso, mas lembro que ela sempre ficava lotada quando
acontecia alguma celebração lá.
Em 1993
eu concluí a 8ª série e fui aprovado para estudar na ETFRN (Escola Técnica
Federal do RN), que na época tinha o mesmo mérito do vestibular. Sei que essa
conquista foi resultado da sólida base de conhecimentos que o Colégio Santa
Águeda me ajudou a adquirir.
Estou
ansioso para visitar o colégio novamente, ver o que mudou nesses 20 anos e
reencontrar os antigos colegas e professores que se tornaram grandes amigos.
Tenho
milhares de outras lembranças maravilhosas, mas demoraria anos transcrever
todas elas. As que escrevi são suficientes para ilustrar o quanto tenho apreço
pelo colégio.
Foi com
tristeza que deixei o CSA, mas certamente o terei sempre gravado em meu
coração.
(*) Abrahão Lopes – ex-aluno do
CSA, atualmente Prof. M. Sc. do IFRN
Campus Mossoró – é filho do casal Edvaldo Morais / Francisca
Lopes.
2 comentários:
É muito bom saber que pessoas como voce, reconhece as suas origens e agradece o seu alicerce no tocante ao conhecimento. Só poderia vir de alguém que é fruto de um casal que tenho uma profunda admiração. Não te conheço (ainda) mas tenho certeza que breve nos conheceremos. Abraços. Bosco.
MUITO LEGAL!PARABENS
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