06/01/2020

SECRETÁRIO PARLAMENTAR É EXPULSO DE TÁXI APÓS BEIJO EM NAMORADO

Secretário parlamentar denuncia ter sido expulso de táxi e agredido por PM após beijar namorado

Eliseu Neto diz ter sido expulso de carro por motorista e agredido por policial militar após beijo no namorado, o técnico em segurança do trabalho Ygor Higino — Foto: Renato Ramos/TV GloboO secretário parlamentar Eliseu Neto denunciou ter sido expulso de um táxi por um motorista de aplicativo após beijar o namorado. Ele também afirmou que foi agredido por um policial militar, no sábado (4), no Recife. Eliseu prestou queixa, pela internet, neste domingo (5).

Eliseu Neto foi responsável junto ao partido Cidadania no Senado pela ação no Supremo Tribunal Federal que resultou na transformação da LGBTfobia em crime análogo ao racismo.

Morador de Brasília, no Distrito Federal (DF), o psicólogo e ativista chegou à capital pernambucana no dia 24 de dezembro para aproveitar o recesso com o namorado, o técnico em segurança do trabalho Ygor Higino. Tudo começou, segundo Eliseu, após um beijo entre os dois dentro de um carro solicitado pelo aplicativo 99 Táxi.

O ativista e integrante do partido Cidadania disse que os dois estavam na Rua das Ninfas, no bairro da Boa Vista, quando acionaram o serviço. A corrida deveria seguir até o bairro de Piedade, em Jaboatão dos Guararapes.

Ela foi interrompida alguns minutos depois de eles entrarem no carro, na Avenida Conde da Boa Vista, perto do número 1285. O assessor parlamentar contou que o namorado fez uma brincadeira e os dois se beijaram.

“O motorista disse que não queria isso no carro dele e mandou a gente descer. Eu disse que ia tirar uma foto do carro e denunciar para o aplicativo e que homofobia é crime”, lembrou.

O secretário parlamentar contou que o motorista parou uma viatura da Polícia Militar, mas não foi possível ouvir o que ele disse para os policiais.

"Um policial chegou alterado. Pedi a identificação e ele me empurrou no chão. Meu namorado ficou nervoso, já que ele tinha uma arma. Tiramos fotos e fomos embora”, contou.

Assessor parlamentar fez fotos  do veículo que era usado pela equipe da PM — Foto: Cortesia/Eliseu Neto
Mesmo depois de registrar a ocorrência pela internet, o secretário parlamentar pretende formalizar a queixa presencialmente na segunda-feira (6) e registrar uma denúncia contra o policial do 16º Batalhão de Polícia Militar (BPM) na Corregedoria da Secretaria de Defesa Social (SDS).

Eliseu disse que foi procurado pelo promotor Maxwell Anderson de Lucena Vignoli, da 7ª Promotoria de Justiça de Defesa da Cidadania do Recife. Ele também deve prestar depoimento para a instauração de um procedimento de investigação sobre o assunto.

O G1 entrou em contato com o promotor, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem. Eliseu Neto ressaltou a importância de não se calar diante de casos de LGBTfobia.

“Ainda somos um país que mata, que agride. Foi assustador. Achei que o policial vinha me defender e não me agredir. Não existe nada que eu pudesse estar fazendo que justificasse uma agressão. A corregedoria tem que tomar uma atitude, treinar melhor, falar sobre a criminalização da homofobia, da transfobia”, disse.

A Juventude 23, movimento da juventude do partido Cidadania, divulgou um comunicado lamentando e repudiando o ocorrido. "Reiteramos nosso compromisso com o direito de ir e vir de cada cidadão, respeitando sem olhar a quem. Que seja justa toda forma de amor", afirmou.

Notas

A Associação dos Motoristas de Aplicativos de Pernambuco (Amepe) emitiu uma nota, neste domingo, destacando que repudia todo tipo de preconceito e se solidariza com os passageiros. O comunicado também informou que o motorista foi descredenciado da plataforma 99.

A Polícia Militar de Pernambuco informou que não havia registro de queixa de conduta irregular e que só poderá se pronunciar quando for provocada oficialmente. 

G1

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