02/05/2023

BOLSONARO CONCEDE ENTREVISTA A REVISTA OESTE - VEJA NA ÍNTEGRA

Leia a íntegra da entrevista exclusiva de Bolsonaro a Oeste

O ex-presidente Jair Bolsonaro concedeu uma entrevista exclusiva ao programa Oeste Sem Filtro, nesta segunda-feira, 1º. Entre outros assuntos, ele discorreu sobre o agronegócio, o legado de seu governo e os primeiros meses de Lula no poder. Bolsonaro foi entrevistado por Augusto Nunes, Paula Leal, Ana Paula Henkel e Paulo Eduardo Martins.

A seguir, a entrevista na íntegra.

Como foi a recepção ao senhor na Agrishow e como o senhor avalia a ausência do ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, no evento?

O agronegócio é extremamente importante para a nossa economia, para a segurança alimentar do Brasil e do mundo. Comparecer a um evento como a Agrishow é prestigiar esse setor e quem trabalha nele. Durante o meu governo, fiz questão de participar, sempre que possível, de cerimônias assim. Se o ministro da Agricultura se ausentou, cabe a ele dar explicações.

O que o senhor sentiu no reencontro com o público?

Recebi muito carinho por parte da população, especialmente das crianças. Isso não tem preço. Fizeram-me várias perguntas. Uma das respostas que dei foi: o que ocorreu no passado é página virada. No evento, estive acompanhado do governador de São Paulo, Tarcísio Gomes de Freitas, um excelente gestor e querido pela população. Ao longo de quatro anos, ajudou muito o agronegócio e cobriu vários gargalos, entre eles, o asfaltamento de trechos da BR-163, que estava parado há 40 anos, e a reversão do prejuízo que havia no Porto de Santos em lucro. Com isso, o meu sentimento é ter colaborado em benefício do país. Nesse período, a mídia, quase unânime, me atacou.

Qual o balanço o senhor faz da atuação do MST nos 100 dias do governo Lula e no mesmo período de quandoo senhor foi presidente?

Os fatos mostram que este governo não tem compromisso com quem trabalha no campo. A gestão do PT dá carta branca para o MST fazer o que quer. Lula deixou claro qual vai ser a sua atuação, no tocante ao agronegócio, ao levar o líder do movimento, João Pedro Stédile, à China. Além disso, há outros movimentos, como a demarcação de terras indígenas, mesmo o Brasil já tendo 14% de seu território separado para essa população. Cito uma informação que me deixou estupefato: recentemente, Lula demarcou uma área de 31 mil hectares para apenas nove indígenas em Goiás. Essa quantidade de terra é equivalente a 30 campos de futebol. É o início das grandes demarcações que teremos pela frente. A prática desestimula o produtor rural. Quando eu era presidente, agimos de outra maneira. Em 2021, apresentamos um projeto para dar ao indígena o direito de explorar a própria terra. Demos ainda 420 mil titulações de terras às pessoas, sobretudo às mulheres. Por quatro anos, seguramos uma barra bem pesada. A pressão externa, vinda da Europa, era forte, porque o interesse é nos tirar da competição no ramo do agronegócio. O Brasil não suporta isso.

Quantas invasões ocorreram no seu governo?

Em quatro anos, foram 24. Creio que o atual governo já alcançou esse número em quatro meses no poder. A invasão mais recente ocorreu em uma fazenda da ex-ministra Agricultura e senadora Tereza Cristina, em Terenos (MS).

Como o senhor vê o projeto de lei da censura que está no Parlamento?

Fui deputado por 28 anos. Quando eu tinha dúvidas sobre votar sim ou não a um projeto, olhava o painel. Se o PT e o PCdoB votava sim, eu votava não. O relator do projeto da censura é um deputado do PCdoB. Ele não está preocupado com a liberdade. O governo de esquerda fala que as pessoas vão perder um pouco de sua liberdade para ganhar segurança. Quem aceita isso acaba ficando sem as duas coisas. O projeto entrando em pauta amanhã, creio em vitória nossa. O placar está bem apertado. Nossos deputados estão sendo orientados a ficar de olho nos movimentos do plenário. Não queremos “dar o troco” no governo, mas, sim, mostrar que a forma de combater o abuso é com mais liberdade. Liberdade não pode ter limites. O governo Lula chegou ao cúmulo de criar uma comissão para ver quem é que está produzindo “fake news” ou não. É o começo do fim da liberdade de expressão.

Como vai ser o seu papel e o do PL na construção de uma alternativa para o Brasil?

Acredito que nossa passagem pelo governo despertou o sentimento de patriotismo na população. Arrastamos multidões por todo o Brasil. As pessoas começaram a se preocupar com política, com o Supremo Tribunal Federal e o Congresso Nacional. Os brasileiros conheceram a verdade sobre o seu país. Fizemos um governo com base na verdade. Durante a pandemia de covid-19, respeitamos a autonomia dos médicos, estabelecemos o auxílio emergencial e não obrigamos ninguém a tomar vacina. Fizemos o possível para todos terem liberdade. Lembro ainda que o nosso corpo ministerial era 100% técnico, bem diferente do atual.

No ano que vem, haverá eleições municipais. O senhor pretende apoiar o deputado federal Ricardo Salles para a prefeitura de São Paulo? Qual vai ser o seu papel na disputa eleitoral do ano que vem?

Em São Paulo, eu e Tarcísio estaremos 90% alinhados nas candidatuas pelo Estado. Salles é uma esperança que apareceu. Gosto dele. Jamais poderia estar com o Psol e o PT. O atual prefeito goza de simpatia do atual governador, e vamos conversar. Salles pode ter uma projeção maior, visto que deve ser o relator da CPI do MST, e terá exposição na mídia. Se isso se confirmar, ele vai mostrar o seu potencial.

Se o senhor voltasse hoje à Presidência, o que faria de diferente?

Eu falaria menos com a imprensa. Embora positivo o fato de termos tido um ministério majoritariamente técnico, faltou experiência política. A equipe econômica eu manteria praticamente a mesma. O Paulo Guedes, se concordar, voltaria a coordenar os rumos da economia. Poderíamos fazer o Brasil voar.

Qual o maior legado que o senhor deixou e que pode ser destruído?

A escolha de ministros técnicos é o grande legado. É difícil montar um ministério técnico com honestidade. Foi um governo pelo exemplo. Não dá para comparar Tarcísio de Freitas ou Damares Alves com ministros de Lula. No meu governo, a interlocução com os municípios era saudável e constante. Hoje, isso deixou de existir.

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