22/07/2022

AGENTE PENAL QUE MATOU PETISTA ESTÁ CONSCIENTE E É INTIMADO PELA JUSTIÇA

Fora da UTI, agente penal que matou petista está consciente, conversa e é intimado pela Justiça

A Justiça intimou no final da tarde desta quinta-feira, 21, o agente penal federal Jorge Guaranho, pelo assassinato do guarda municipal e tesoureiro do PT Marcelo Arruda, ocorrido na noite de 9 de julho. O oficial de Justiça entregou a intimação para Guaranho no leito de enfermaria do Hospital Ministro Costa Cavalcanti, onde segue internado em Foz do Iguaçu (PR).

Conforme a certidão assinada pela oficial de Justiça Roberta Müller, Guaranho encontrava-se consciente, respondeu algumas perguntas sobre o seu nome e se possuía advogados de defesa. O agente federal penal também fez alguns questionamentos e assinou o documento. Ele estava na presença da mãe, uma enfermeira e um policial militar, que faz sua custódia – ele teve a prisão preventiva decretada após o crime.

Na prática, a intimação esse é um procedimento jurídico padrão para que o acusado esteja ciente de que virou réu. A defesa tem prazo de dez dias corridos para se manifestar. Procurados pela reportagem do Estadão, os advogados Cleverson Ortega e Poliana Cardoso não responderam ao contato até a publicação deste texto.

Guaranho, simpatizante do presidente Jair Bolsonaro (PL), matou Arruda na festa de aniversário do petista, que tinha decoração do PT e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no salão de festas da Associação Recreativa e Esportiva Saúde Física (Aresf), em Foz do Iguaçu, no dia 9 deste mês. Na quarta-feira, 20, a Justiça do Paraná aceitou a denúncia do Ministério Público (MP-PR), tornando Guaranho réu por homicídio duplamente qualificado, por motivo fútil causado por “divergências político-partidárias” e por colocar em risco a vida de outras pessoas presentes na festa de Arruda.

Réu chegou em festa atirando contra petista

Conforme a denúncia do MP-PR, na noite do crime, o agente penal federal esteve por duas vezes na sede da Aresf. Antes, ele estava em um churrasco próximo dali, na Associação dos Empregados da Itaipu Binacional Brasil (Assemib), viu as imagens das câmeras de segurança pelo celular de amigos que pertencem ao quadro de diretores da Aresf da festa de Arruda.

Após sair do churrasco, disse o MP, Guaranho foi até a Aresf, por volta das 23h40, com a mulher e a filha de três meses, ambas no banco de trás do carro. Ele estacionou na frente do salão onde era realizada a festa com uma música alta que enaltecia Bolsonaro.

Segundo testemunhas, o agente penal teria gritado “aqui é Bolsonaro”, “mito” e discutiu com o petista, que atirou pedras e terra no carro de Guaranho. O agente penal federal chegou a apontar uma arma para Arruda, foi embora e prometeu retornar.

Poucos minutos depois, Guaranho voltou sozinho, desceu do carro já com arma em punho e atirou em Arruda quatro vezes, duas do lado externo e outras duas dentro do salão. Mesmo ferido, o petista revidou. O guarda municipal recebeu dois tiros e não resistiu aos ferimentos, morrendo na madrugada de 10 de julho. Guaranho foi atingido por quatro tiros e teve a cabeça chutada por convidados da festa após cair e desde então está internado, sob custódia policial.

Estadão

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