15/08/2020

IFRN: 'ALUNOS TENTARAM OCUPAR IFRN COM TÉCNICAS DE GUERRILHA' - DIZ REITOR

Reitor diz que chamou PM porque alunos tentaram ocupar IFRN com “técnicas de guerrilha”

Professor efetivo da instituição,
lotado no campus de Ipanguaçu,
Josué Moreira está à frente do IFRN desde abril,
por indicação do deputado federal
General Girão (PSL-RN)

O reitor interino do IFRN, professor Josué Moreira, disse nesta sexta-feira (14) que não pretende “de forma alguma” renunciar ao cargo, apesar da pressão de estudantes e servidores para que ele deixe o comando da instituição. Em entrevista à 98 FM, ele disse que tem “couro grosso” para aguentar críticas e que vai responder a todos com trabalho.

“Na minha cabeça, nunca passou isso (renúncia). A pressão existe. Tem que ter couro grosso para aguentar. Um cidadão normal aguentaria tudo o que eu aguentei? Ameaças à minha vida, às minhas filhas. Que tipo de educação a gente quer? Formar militantes ou cidadãos para a sociedade?”, declarou.

Professor efetivo da instituição, lotado no campus de Ipanguaçu, Josué Moreira está à frente do IFRN desde 20 de abril, por indicação do deputado federal General Girão (PSL-RN). O reitor interino enfrenta críticas da comunidade acadêmica por ter assumido o cargo sem sequer ter participado da eleição interna realizada em dezembro do ano passado.

Na consulta aos servidores e estudantes, o mais votado foi o professor José Arnóbio de Araújo Filho – que não pode ser empossado, segundo o Ministério da Educação, por responder a um processo administrativo. Enquanto a situação aguarda desfecho, foi nomeado um reitor “pro tempore”, com base na Medida Provisória 914, que nem está mais em vigor.

Essa MP autorizava o Governo Federal a designar um servidor da instituição para responder pela reitoria no caso da impossibilidade de nomeação de algum dos participantes da eleição interna. O presidente não é obrigado a nomear o mais votado, mas não pode fugir à lista de candidatos.

Na última terça-feira (11), estudantes protestaram na reitoria do IFRN pela saída de Josué Moreira. O caso ganhou repercussão porque, durante o ato, o reitor interino chamou a Polícia Militar – que conteve a manifestação usando spray de pimenta. O caso gerou até uma intervenção da governadora Fátima Bezerra, que afastou o policial que comandou a ação.

Na entrevista, o professor disse que só chamou a polícia porque os estudantes tentaram ocupar a reitoria. “Fomos surpreendidos por um movimento de muita gritaria, o solo tremendo. Falei ‘alguma coisa aconteceu’. Ligamos para a Polícia Federal, que deu a orientação de ligar para a PM. Nosso grupo foi ameaçado”, afirmou.

“Eles tentaram ocupar o prédio, como sempre faz na técnica de guerrilha o pessoal com pensamento mais radical. Era um movimento para tomar a reitoria e tentar expulsar o reitor pro tempore, que está constituído de forma legal. A gente queria sair. Mas estávamos impedidos de sair”, afirmou Josué Moreira.

Segundo os estudantes, além do pedido para que o reitor interino renuncie, a manifestação teve o objetivo de cobrar um planejamento para que as aulas sejam retomadas no IFRN. Os alunos reclamam que o professor Josué Moreira deu aval para a implementação do ensino remoto durante a pandemia da Covid-19 sem acertar os detalhes com a comunidade acadêmica.

Para Josué Moreira, contudo, o objetivo do ato não foi este. “Eles estavam ali com um intuito, e não era volta às aulas. Alguns estudantes até disseram ‘não estamos aqui para volta às aulas’. Estamos para a retirada do reitor pro tempore”, afirmou.

O reitor interino também fez críticas a servidores da instituição que, em protesto a sua nomeação, pediram exoneração dos cargos de confiança que ocupavam. “Eles viraram as costas para a instituição”, declarou.

Na avaliação do professor, sindicatos estão por trás da manifestação dos estudantes. “Eles (o sindicato) têm uma casa vizinha, que fazem de apoio. A gente viu a movimentação dos alunos indo e voltando”, ressaltou.
Volta às aulas

Por causa da pandemia do novo coronavírus, estudantes do IFRN estão sem aulas desde a segunda quinzena de março. O reitor interino defende que a instituição retome as atividades o quanto antes – inicialmente de forma remota e depois presencial. Ele diz ter o apoio dos pais da maioria dos alunos.

“Qual o benefício social desses cinco meses parados? Alguns não querem voltar. Quanto custa para os cofres públicos? A iniciativa privada está trabalhando. Por que uma instituição referência em tecnologia não está? Um professor ganhando em torno de R$ 15 mil a R$ 25 mil em casa e os alunos sem educação…”, comentou Josué Moreira.

À reportagem do Agora RN, professores repudiaram a fala do reitor. Educadores informaram que, apesar da suspensão das aulas, diversas atividades remotas estão sendo realizadas, como aulas virtuais de revisão, eventos de extensão, atividades culturais interdisciplinares, orientações de TCC e o desenvolvimento de projetos de pesquisa, inclusive com a elaboração de artigos científicos.

Segundo representantes dos estudantes, não há rejeição ao retorno às aulas, desde que haja planejamento adequado para isso e capacitação aos professores. Os alunos cobram, por exemplo, que a instituição ofereça um auxílio para quem não tem acesso à internet. E pedem mais diálogo com o reitor interino.

O reitor afirmou que o auxílio estudantil será prestado em breve, após um remanejamento orçamentário. Sobre a capacitação dos professores, ele disse que caberia aos docentes se prepararem para o novo momento, sobretudo porque há uma suspensão das aulas presenciais. Em relação ao diálogo com estudantes, Josué Moreira afirmou que não recebeu nenhuma solicitação de reunião – embora representantes de entidades estudantis tenham enviado à reportagem cópias de requerimentos pedindo audiência com o reitor.
Tropas federais

Na última terça-feira (12), o deputado federal General Girão solicitou ao ministro da Justiça e Segurança Pública, André Mendonça, o envio de tropas federais ao Rio Grande do Norte para auxiliar na segurança da reitoria da instituição. O parlamentar alegou que, com a ajuda de “infiltrados”, estudantes estavam promovendo atos de vandalismo.

O reitor interino não quis responder se há clima na instituição para uma medida tão drástica, mas afirmou que necessita de reforço na segurança porque vem recebendo ameaças. “Eu só tenho um segurança. Caso alguém queira atentar contra a vida… Se tivesse ameaça à vida, o senhor se negaria a receber força de alguém que pudesse cooperar? Eu gosto da prevenção. Eu não tenho guarda-costas. Eu não tenho uma pessoa que fique comigo 24 horas”, declarou.

Apesar disso, Josué Moreira ressaltou que trabalha tranquilo. “Entrego minha vida a Deus. Eu tenho as costas grossas. Eu aceito as críticas. Eu quero é trabalhar. Minha resposta é trabalho. Eu recebi também a sugestão para reforçar a segurança da nossa instituição. O que vier para a proteção da minha equipe, a gente vai aceitar”, finalizou.

Agora RN

Um comentário:

josué disse...

Tem q fica mesmo Sr retor mande esses filhotes de Lula ladrão caga de reto pra cima