16/09/2019

NATAL: A CVV CONTINUA SALVANDO VIDAS - SEJA UM VOLUNTÁRIO

Na prevenção ao suicídio, CVV atende cerca de 2,5 mil ligações em Natal por mês

Ademar Souza, de 63 anos, atua como voluntários do Centro de Valorização da Vida há 16 anos
Ademar Souza, de 63 anos,
atua como voluntários do
Centro de Valorização da Vida há 16 anos
Foi a vontade de contribuir em um projeto social que fez com que Ademar Souza, de 63 anos, decidisse se candidatar ao processo seletivo de voluntários para o Centro de Valorização da Vida (CVV), 16 anos atrás. Quando entrou no serviço, muita coisa era diferente: além de não ser tão conhecido, o CVV não estava disponível em todo País. De lá para cá, muito mudou: desde julho deste ano, o CVV passou a funcionar em todas as capitais, através do número 188.

Em Natal, são 59 pessoas em regime de plantões que, como Ademar, se propõem a ouvir àqueles que ligam para o serviço em busca de ajuda. O número já não é suficiente para a demanda: são, em média, 2,5 mil ligações mensais, e encontrar novos voluntários é um dos principais desafios do grupo. “A quantidade diária de ligações varia muito, porque depende do tamanho do plantão. Mas, em média, em cinco horas de plantão, recebemos cerca de 40 ligações. Precisamos de voluntários para manter esse trabalho, porque são muitas ligações, e as pessoas às vezes ligam e se deparam com uma espera”, afirma.

Fundado em 1962, na cidade de São Paulo, o Centro de Valorização da Vida é uma associação sem fins lucrativos, que desde 1973 é reconhecida como entidade de Utilidade Pública Federal. Em Natal, o órgão funciona há 36 anos. Os atendimentos são feitos por meio do telefone fixo, e-mail ou chat. "A nossa principal função é ouvir. Muitas das pessoas que ligam estão em um estado de desespero, e as vezes falar, colocar para fora esvazia um pouco esse desespero, ao mesmo de forma momentânea", diz Ademar.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde, o suicídio é a segunda maior causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos no mundo. Segundo a organização, mais de 90% desses casos estão associados à transtornos mentais, e podem ser evitados caso recebam o tratamento correto.

Para isso, o anonimato é uma peça-chave. “O voluntário não está lá para julgar ou criticar a pessoa com base em suas convicções pessoais. Estamos aqui para focar na pessoa, no seu sentimento. Por isso é importante manter o anonimato”, diz. As ligações são atendidas em salas individuais pelos voluntários, sem que outras pessoas possam escutá-las.

Desde que começou o trabalho voluntário no CVV, mais do que ver crescer a demanda pelo serviço, Ademar viu também uma mudança no perfil das ligações. “Antes, a nossa principal demanda era a solidão. As pessoas ligavam porque se sentiam sós. Hoje, é a depressão, que é como se fosse um estágio posterior”, diz.

Os altos índices de desemprego e oportunidades limitadas para a maior parte da juventude, de acordo com ele, vem aparecendo de forma recorrente nas chamadas telefônicas. “O suicídio é algo que não pode ser olhado de forma isolada do contexto da sociedade. Com o aumento do desemprego, demissões, muitas pessoas acabam não vendo uma saída, um caminho para mudar essa situação”.

De acordo com os voluntários, o aumento no número de ligações observado no CVV é influenciado por dois fatores. O primeiro, é o aumento no número de pessoas em busca de alguém com quem possam desabafar e serem ouvidas. O segundo, se deve ao aumento de divulgação sobre o próprio serviço, que cresce especialmente em épocas de campanhas como o Setembro Amarelo.

Voluntariado

O requisito para se candidatar como voluntário do CVV é ter mais de 18 anos e disponibilidade de quatro horas e meia por semana para atuar nos plantões. Os voluntários são selecionados e passam por um curso de capacitação, que costuma ter duas edições anuais em Natal, uma em cada semestre. O contato para pessoas interessadas em ingressar como voluntárias é através do e-mail natal@cvv.org.br.

Conheça sinais de alerta, de acordo com os órgãos de saúde pública:

1 - Humor triste, ansiedade e vazio persistente

2 - Perda de interesse por hobbies ou atividades das quais costumava tirar prazer;

3 - Dificuldade de concentração, lembrança e tomada de decisões

4 - Pensamentos sobre morte ou tentativas de suicídio

5 - Diminuição da energia e fadiga constante

TN

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