17/08/2019

ARGENTINA: VITORIA DE CRISTINA PODERÁ TIRAR BRASIL DO MERCOSUL

Saída do Mercosul é referendada

Bolsonaro teme que o  possível futuro presidente argentino prejudique o acordo Mercosul x UE
O presidente Jair Bolsonaro referendou a declaração do ministro da Economia, Paulo Guedes, de que o Brasil pode deixar o Mercosul caso o candidato Alberto Fernández, que tem como vice a ex-presidente Cristina Kirchner na chapa, vença as eleições na Argentina e queira fechar o bloco.

“O atual candidato que está na frente na Argentina, que tem vice a Cristina Kirchner, ele já esteve visitando o Lula, já falou que é uma injustiça o Lula estar preso, já falou que quer rever o Mercosul. Então o Paulo Guedes, perfeitamente afinado comigo, por telepatia, já falou: se criar problema, o Brasil sai do Mercosul. E está avalizado, não tem problema nenhum", declarou o presidente ao deixar o Palácio da Alvorada nesta sexta-feira, 16 para agendas no Planalto. 

Na quinta-feira, 16, o ministro Paulo Guedes citou a possibilidade de o País deixar o Mercosul para não atrapalhar o acordo com a União Europeia. Bolsonaro disse estar disposto a conversar com Fernández, caso a chapa de Kirchner vença o pleito no país vizinho, mas destacou que o gesto precisará partir do argentino. Fernández já declarou que "não tem problema em ter problemas" com o presidente brasileiro. 

“Estamos dispostos, ele que vai ter que dar o sinal", declarou Bolsonaro. “Estou pronto para conversar. Eu não acredito que ele queira seguir nessa linha de liberdade e democracia. Esse pessoal quando se apodera do poder não quer sair mais. eles sempre viveram às custas da coisa pública."

Para Bolsonaro, o mercado, em um ambiente de intensa volatilidade com o cenário econômico e político na Argentina, já deu sinais de que “não vai perdoar a esquerda" naquele país.

Sem Plano B
O cientista político Guillermo Rodríguez Conte argumenta que seria muito difícil para a Argentina fechar as portas ao mundo no comércio, em um eventual governo do oposicionista Alberto Fernández. "A Argentina não tem plano B ao Mercosul", afirmou o analista, consultor na Prospectiva Consulting e professor em Buenos Aires. "O Brasil é grande, pode fazer um show sozinho, mas a Argentina não", complementou. O assunto veio à tona nesta semana, após o ministro da Economia brasileiro, Paulo Guedes, ter dito na quinta-feira que se Fernández vencer e quiser fechar o Mercosul, atrapalhando o acordo com a União Europeia, o Brasil sairá do bloco.

As declarações de Rodríguez Conte foram dadas durante Webinar organizado pela GO Associados, em evento moderado por Gesner Oliveira, sócio desta consultoria e professor da Fundação Getulio Vargas (FGV-SP). Rodríguez Conte avalia que, após o resultado das primárias do último domingo, o presidente Mauricio Macri tem contra si um cenário "irreversível". "É muito difícil que vá mudar" o quadro no primeiro turno, em 27 de outubro, aposta, dizendo que esta também tem sido a avaliação dos agentes dos mercados financeiros.

Fernández é um advogado portenho e professor universitário. Ele tem como atributos positivos sua moderação, avalia o cientista político. Por outro lado, deve assumir num contexto de engessamentos na política, diante da crise econômica, da dívida e dos conflitos sociais. Há ainda a dúvida sobre qual será o papel da vice de sua chapa, a ex-presidente Cristina Kirchner (2007-2015). Mas o analista ressalta que o possível próximo presidente argentino figura bem mais ao centro, tendo inclusive se afastado da então presidente Cristina, para depois voltar a se reaproximar dela desde o fim de 2017.

TN

Nenhum comentário: