RJ: MILICIANOS COBRAM SEGURO DE VIDA DE MORADORES DA MUZEMA

Em carta, morador da Muzema denuncia cobrança de 'seguro de vida' pela milícia da região

Um morador da Muzema, Zona Oeste do Rio, usou uma carta para denunciar práticas da milícia que age na região. No bairro, 24 pessoas morreram após a queda de dois prédios em abril. As residências eram ilegais e comercializadas pelos milicianos.

A carta, escrita com caneta vermelha, mostra o desespero do morador. Segundo ele, as últimas operações da polícia devido à queda dos prédios não abalaram os negócios dos milicianos.

Ele conta que a população está sendo obrigada a pagar “mensalidades, seguro de vida” e “se não pagar seus impostos, perde a casa ou paga com a própria vida”.

Segundo a carta, bandidos dos bairros das redondezas, como Taquara, Rio das Pedras e Gardênia, estão monitorando os moradores. “Não podemos contar com a PM, estão juntos com o chefe da facção”, disse o morador na carta.

No relato, o homem conta que há funcionários da milícia nas ruas e becos da comunidade com blocos, anotando e cobrando pedágio. Ainda segundo o relato, eles andam armados com fuzil e batem de porta em porta ameaçando aqueles que não pagaram.

“A maioria não tem condições de pagar. Expulsam ou somem na mala de carro. Ninguém vê, ninguém. Somos uma classe desprivilegiada, ganhamos salário mínimo e criamos filhos”, desabafou o morador.

O autor também afirma que os foragidos que foram responsabilizados pelo acidente na Muzema são apenas funcionários da milícia.

José Bezerra de Lira, o “Zé do Rolo”, Renato Siqueira e Rafael Gomes Costa devem responder por homicídio com dolo eventual, quando se assume o risco de matar.

“ O poder público nos abandonou há muitos anos. Também estou correndo risco de vida. Que esta carta vaze para as autoridades. Urgente”, finalizou o morador.

Sobre a denúncia do morador, a Polícia Militar informou que "qualquer desvio de conduta de policiais deve ser denunciado à Corregedoria da corporação".

A PM disponibilizou três canais para denúncias: WhatsApp através do número (21) 97598-4593; por telefone pelo número (21) 2725-9098 ou ainda pelo e-mail denuncia@cintpm.rj.gov.br. O anonimato de autor da denúncia é garantido.

G1