Leite em pó vira artigo de luxo na Venezuela e chega a custar R$ 1.300
Consumidores fazem fila do lado de fora de um supermercado em Caracas
A falta de produtos nas prateleiras dos supermercados da Venezuela
tem feito os preços de produtos básicos dispararem a níveis de artigos
de luxo.
Segundo reportagem do jornal “Correo del Caroní”, um pacote de 1
quilo de leite em pó chega a ser vendido por 2.125 bolívares, o
equivalente a R$ 1.372 no câmbio oficial.
Em um país onde o salário mínimo atualmente é de 9.648 bolívares (R$
6.232), o leite em pó custa 22% da renda mínima de um trabalhador, de
acordo com o jornal venezuelano.
Não é a primeira vez que a falta de produtos nas prateleiras ou preços abusivos na Venezuela viram notícia. Há um ano, o UOLdivulgou notícia informando que um pacote com 36 camisinhas, difíceis de encontrar no país, chegava a custar até 4.760 bolívares (cerca de R$ 3.087 atualmente).
Em outro caso, o McDonald’s passou aoferecer mandioca frita aos clientes no país, devido à falta de batatas.
‘Comer na Venezuela é um luxo’
“Comer na Venezuela é um luxo. Agora, você tem de estabelecer
prioridades: se compra o leite, não pega a carne nem o frango, porque
tudo está impossível de comprar”, disse a dona de casa Sonia Indriago ao
jornal.
Por causa disso, os poucos pacotes de leite em pó que chegam aos supermercados não encontram compradores, segundo a reportagem.
O Ministro da Agricultura e Terras, Wilmar Castro Soteldo, afirmou
que iria analisar a estrutura de custos do leite, da carne e do açúcar
para desenvolver um plano para diminuir os custos de produção, segundo a
Agência de Notícias da Venezuela.
Maior inflação do mundo
A escassez de produtos no país tem contribuído para a disparada da
inflação. Segundo o banco central venezuelano, a alta dos preços em 12
meses atingiu 141% em setembro, último dado divulgado pelo órgão.
Projeções do FMI (Fundo Monetário Internacional), no entanto, são ainda mais pessimistas. De acordo com o fundo, aprevisão de inflação para 2015 gira em torno de 160%, a maior do mundo, e deveráchegar a 720% em 2016.
Estado de emergência econômica
A crise vivida pela Venezuela levou o presidente Nicolás Maduro a decretar, no último dia 15, “estado de emergência econômica” por 60 dias.
A medida dá ao governo controle sobre o orçamento. Com isso,
ele pode, por exemplo, fazer compras em regime de urgência sem licitação
e dispensar os “trâmites cambiais” estabelecidos pelo banco central
para facilitar a importação de produtos.
No entanto, a Assembleia Nacional da Venezuela, de maioria oposicionista, rejeitou o decreto na última sexta-feira, sob o argumento de que a medida não oferecia soluções para a crise econômica do país.
O governo Maduro trava uma disputa com oposicionistas, que pedem a renúnciaimediata do presidente diante da crise econômica do país.
UOL Economia
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