04/06/2024

O BRASIL DOS RANDOLFES - POR J. R. GUZZO

O Brasil dos Randolfes

O senador Randolfe Rodrigues, como todo magnata do Senado Federal, tem uma equipe de assessores pessoais pagos diretamente por você. Acendeu a luz de casa? Falou no celular? Pôs gasolina no tanque? Então: a cada vez que o cidadão faz qualquer coisa dessas, uma parte da quantia paga vai para o bolso do governo, e ali desaparece como um navio fantasma no Triângulo das Bermudas, no tempo em que havia o Triângulo das Bermudas. Com um pedaço da sua cota, por exemplo, o senador paga uma equipe de 80 assessores pessoais, 48 dos quais nem sequer vão a Brasília. Ficam em Macapá, dando uma força quando Randolfe visita o seu Estado, ou em QAP, à escuta para qualquer coisa. É, como em tantas outras despesas, o seu dinheiro sendo jogado fora. Mas no caso do senador há um plus a mais. Pelo menos uma das suas funcionárias, como acaba de se saber, não aparece no escritório — nem no escritório de Macapá. Ganha quase R$ 18 mil por mês do Tesouro Nacional, mas dedica-se à ocupação de influencer de moda, malhação e drenagem linfática no horário em que deveria estar trabalhando.

É um mistério. Como seria possível qualquer senador do mundo precisar de 80 funcionários pessoais, nomeados por ele mesmo, para exercer as suas funções? Não é possível, simplesmente — e aí está o começo, o meio e o fim desta história. A influencer, coitada, talvez nem tenha tanta culpa assim no cartório. Certo, ela não comparece ao local de trabalho, mas pense um pouco: que diabo ela poderia fazer no local de trabalho, se não existe trabalho nenhum para ser feito? Sua função, quando tiveram de dar alguma explicação, é gerir “atividades de mobilização com lideranças políticas locais”. Isso não é nada, claro. Nas explicações constipadas da “unidade de apoio” ao senador em Macapá, tal função é exercida em “regime especial de frequência”, invenção que dispensa os funcionários da necessidade de registrar sua presença por biometria. Entre as “atividades de mobilização”, em tese, está acompanhar o senador em viagens pelo Estado do Amapá, ou ir a reuniões com autoridades estaduais. Na última viagem do senador à cidade de Oiapoque a influencer não foi. Na sua última reunião com um secretário do Estado — bem, aí, não houve nem a reunião.

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