13/10/2019

PROTESTOS: O TRISTE MOMENTO DOS EQUATORIANOS

'Quito parece uma zona de guerra', diz equatoriana que está há dois dias sem sair de casa 

Em oito dias, os protestos já deixaram cinco mortos, 266 feridos e 864 detidos —  dos quais 90% foram libertados sem nenhuma acusação criminal Foto: MARTIN BERNETTI / AFPSem transportes públicos, aulas em universidades e escolas da capital e começando a sentir os efeitos do desabastecimento em supermercados, os equatorianos vivem uma semana em suspenso por conta dos protestos que tomaram conta do país. As manifestações começaram, na semana passada, após o anúncio de um programa de ajustes entre o governo de Lenín Moreno e o FMI, que provocou o aumento dos preços dos combustíveis em 123%. Em oito dias, os protestos já deixaram cinco mortos, 266 feridos e 864 detidos — dos quais 90% foram libertados sem nenhuma acusação criminal.

A chegada de 9 mil indígenas de diversas partes do país, no começo da semana, abalou ainda mais a capital equatoriana. Abrigados em universidades, centros culturais e até em parques da cidade, os nativos tomaram a liderança das manifestações, depois que o setor de transportes, que iniciou a paralisação, decidiu abandonar os protestos. Na quinta-feira, detiveram oito policiais, para protestar contra a morte de um manifestante, um dia antes.

Sem ônibus intermunicipais ou táxis, que também aderiram à greve da semana passada, a empreendedora Caridad Chacon, de 31 anos, está há oito dias em casa sem conseguir trabalhar no centro de Quito. As únicas opções para chegar aos escritórios que costuma visitar são os serviços de Uber ou Cabify, mas grande parte de seus clientes também não está trabalhando, já que as grandes empresas fecharam as portas por temerem saques.

"Quito parece hoje uma zona de guerra. O centro histórico está despedaçado porque há muito vandalismo, estão quebrando portas e janelas, pichando paredes e muros. Indústrias se veem obrigadas a fechar as portas e vias principais como a Metade do Mundo ou a Avenida 12 de Outubro, que liga o centro ao norte da cidade, estão fechadas pelos manifestantes", conta. "Também começamos a sentir o desabastecimento em algumas cadeias de supermercados. Além da gasolina, falta carne, ovo, pão."

Época

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