20/08/2019

FILMES LGBT CRITICADOS POR BOLSONARO DEVE TER VERBAS SUSPENSAS PELO GOVERNO

Governo deve suspender edital com filmes LGBT criticados por Bolsonaro

Governo deve suspender edital com filmes LGBT criticados por BolsonaroO governo do presidente Jair Bolsonaro pretende publicar nesta terça-feira (20) portaria suspendendo edital, divulgado no ano passado, para a seleção de produções audiovisuais para a televisão.

O processo, que prevê a categoria "diversidade de gênero" para documentários televisivos, foi criticado na semana passada pelo presidente, que atacou produções de temática LGBT que participam da seleção.

Segundo relatos feitos à Folha, a portaria tem sido editada pelo Ministério da Cidadania e a previsão é de que a suspensão tenha duração de seis meses, podendo ser prorrogada pelo mesmo período.

Em live nas redes sociais, o presidente ressaltou que a Ancine (Agência Nacional do Cinema) não irá liberar recursos do FSA (Fundo Setorial do Audiovisual) para projetos com a temática de sexualidade.

Ele ainda disse que se a agência reguladora "não tivesse, em sua cabeça toda, mandatos", já teria "degolado tudo". Hoje, a diretoria colegiada tem três pessoas com mandatos de quatro anos.

O Palácio do Planalto decidiu indicar para a quarta vaga a diplomata Paula Alves de Souza e quer torná-la diretora-presidente, em uma tentativa de afinar a atuação do órgão federal com o discurso conservador da atual administração.

As três produções audiovisuais criticadas pelo presidente foram: "Transversais", "Religare queer" e "Afronte". A primeira aborda o cotidiano de cinco pessoas transgênero que moram no Ceará e a última mostra a realidade vivida por negros homossexuais no Distrito Federal.

Na semana passada, a API (Associação de Produtores Independentes do Audiovisual) se pronunciou contra as declarações do presidente e repudiou a postura dele. "Não cabe a ninguém, especialmente ao presidente de uma república democrática, censurar arte, projetos audiovisuais e filmes", afirmou.

Procurado pela reportagem, o Ministério da Cidadania afirmou que as chamadas públicas estão subordinadas a decisões do comitê gestor do fundo de fomento, que é encabeçado pelo ministro, e ressaltou que o mandato dos membros anteriores terminou e que a nova composição ainda não foi formalizada.

"Em tese, o novo comitê gestor -ou, na ausência de um constituído, o próprio ministro- pode rever ações do plano anual de investimentos, o que inclui, eventualmente, suspender editais", disse.

folhapress

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