25/03/2019

QUENIANO GANHA O TÍTULO DE MELHOR PROFESSOR DO MUNDO

O melhor professor do mundo

Os dez candidatos a melhor professor do mundo no Global Teacher Prize, o Nobel da educação, deixavam à mostra no rosto uma ansiedade muito justificada. Para ganhar os holofotes em Dubai, diante de uma plateia lotada de gente de renome na área, esta turma sobreviveu a uma peneira de 10.000 candidatos vindos de 179 países em um processo duríssimo. Quando o ator Hugh Jackman anunciou neste domingo, 24, o nome do vencedor, Peter Tabichi, do Quênia, o auditório tremeu. Ele chacoalhou sua sala de aula, fincada em região pobre do semiárido africano, com um clube de ciências que despertou a curiosidade e o talento de jovens sem nenhuma perspectiva. O prêmio foi entregue pelo xeique Mohammed bin Rashid Al Maktoum. E Tabichi, em tom nada professoral, se dirigiu ao público: “Ensinar é um ato de nobreza”, enfatizou.

Aos 36 anos, egresso de uma família de professores (o pai, inclusive, subiu ao palco arrancando aplausos), ele conseguiu cultivar a excelência num terreno em que grassava todo tipo de mazela: abuso de drogas, gravidez precoce, abandono escolar. Tabichi deixou o emprego em uma escola particular justamente para tentar guindar deste cenário os adolescentes de um colégio público. Com o clube que criou, promoveu a matemática, fomentou o pesamento científico e emplacou sua turma entre os primeiros em olimpíadas pelo Quênia. Os estudantes também levaram um prêmio da britânica Royal Society of Chemistry, por conseguir usar plantas locais para gerar eletricidade – só uma amostra do que faz.

Uma brasileira também gravou o nome no panteão dos dez melhores, em que figuram só aqueles que extrapolam o terreno conhecido e inovam na sala de aula alcançando resultados extraordinários. A paulista Débora Garofolo, 39 anos, chegou à reta final impulsionada por um trabalho que levou a uma guinada na vida de seus alunos na escola municipal Ari Parreiras, encravada entre quatro favelas de São Paulo – a maior delas, a Vietnã. O colégio precisava de uma professora para ensinar robótica e programação, e Débora, que lecionava de tudo para crianças menores, resolveu levantar o dedo. Disse à diretora que queria se arriscar no campo da tecnologia e ouviu: “Mas você é ótima alfabetizadora.” Era verdade. “Insisti, insisti”, ela conta a VEJA. “Entendi que por essa via poderia impactar para valer o rumo de crianças e jovens com tão poucas chances de crescer.”

Veja

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