Facções criminosas comandam crimes no falido sistema penitenciário do RN
Gravações que mostra um preso da Penitenciária Estadual de Alcaçuz,
em Nísia Floresta, na Grande Natal – a maior unidade prisional do Estado
– em conversas com traficantes, trouxe grande preocupação para o
sistema de segurança do Estado. Para o juiz Henrique Baltazar, titular
da Vara de Execuções Penais, o Rio Grande do Norte precisa urgentemente
de novos presídios.
“Claro que o sistema prisional potiguar precisa de muitas melhorias.
Mas precisamos de novos presídios. Atualmente, as unidades estão
superlotadas. Essa população carcerária muito alta dificulta o trabalho
de controle dessas facções que agem dentro dos presídios do RN”. Nos
áudios, que foram divulgados pela Inter Tv Cabugi, os detentos conversam
sobre diversos assuntos com traficantes que estão fora da unidade
prisional. Eles planejam como entrar com drogas e aparelhos telefônicos.
“Depois que ele dá o baculejo, aí a mulher vai com dois telefones
escondidos na mão, coloca na sacola e entra. Entendeu?”, diz um dos
áudios. Em outra conversa, um preso se oferece para matar alguém que
esteja devendo para o traficante. “Quando um cara enrolar você e você vê
que se prejudica naquele canto, você dá a ideia e nóis pega, tá ligado?
Agora tem que ser um bagulho que tenha motivo. Não é por toda dívida
que ninguém pode tá matando o povo”.
As interceptações telefônicas foram feitas durante as investigações
da Operação Alcatraz, que foi desencadeada em dezembro do ano passado e
cumpriu 223 mandados de prisão em 15 cidades potiguares e também nos
estados da Paraíba, Paraná e São Paulo. Destes, 154 foram contra pessoas
que já estão encarceradas. De acordo com as investigações, duas
organizações criminosas atuam no sistema penitenciário estadual, ditando
diretrizes e princípios a serem observados pelos seus integrantes e
articulando crimes fora dos presídios, tendo uma delas forte relação com
outros Estados da federação.
“Essa situação realmente precisa ser investigada. Temos feito um
trabalho de inteligência muito grande em todas as vertentes do sistema
de segurança do Rio Grande do Norte, para conseguirmos identificar quem
são essas pessoas que fazem esses trabalhos aqui fora para os detentos.
Essas negociações que acontecem dentro dos presídios têm influência
direta com crimes que ocorrem em todo o Estado”, declarou Kalina Leite,
secretária de segurança do RN. Já o governador Robinson Faria destacou
que a equipe de segurança tem feito estudos e até o final do mês trará
um diagnóstico geral da atual situação do Estado. “Confio muito na minha
equipe, que está trabalhando incansavelmente para melhorar a situação
da segurança do Rio Grande do Norte. Pedimos um diagnóstico para o
Ministério da Justiça sobre a mancha criminal do nosso Estado e iremos
trabalhar em cima disso”.
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