21/04/2023

TENSÃO ENTRE LULA E MILITARES

“Vai morrer gente. O senhor quer isso? Depoimento de general detalha tensão entre Lula e os militares

Aquele 8 de janeiro ainda estava longe de terminar quando os manifestantes deixaram a Praça dos Três Poderes. O governo estava acuado, assustado e tinha uma certeza: a invasão e a depredação dos prédios eram apenas a primeira fase de um golpe que ainda estava em andamento para tirar Lulado poder. Havia também a convicção de que setores militares estavam diretamente envolvidos na trama. O “sumiço” da tropa do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) provava que havia uma conivência cúmplice com a turba de vândalos. Atônito, o presidente cobrava uma reação enérgica e imediata. Apoplético, conforme a definição de um de seus auxiliares, Lula ordenou que, ainda naquele dia, o acampamento erguido próximo do quartel-general do Exército fosse desmobilizado — e os envolvidos nos ataques, devidamente presos. “É para tirar e prender todo mundo”, determinou o presidente aos ministros da Defesa, José Múcio, e da Justiça, Flávio Dino. A ordem, como se sabe, não foi cumprida. Um dos motivos foi a resistência de generais a desmontar o acampamento, sob a alegação de que poderia haver um “banho de sangue” no local.

Essa versão, a mais recorrente até agora, também sugere que militares confrontaram e desafiaram a autoridade do presidente, que é o comandante em chefe das Forças Armadas. Ela, no entanto, é apenas uma parte do enredo. VEJA teve acesso a detalhes do depoimento prestado à Polícia Federal pelo general Gustavo Dutra, que chefiava o Comando Militar do Planalto, no inquérito sobre o levante golpista. Ele conta como no auge da tensão, quando o temor de um golpe acossava Lula, o presidente interveio e aceitou que a retirada do acampamento bolsonarista e a prisão da maior parte dos radicais ficassem para a manhã do dia 9, como de fato ocorreu. Foram horas de tensão. Os governistas exigiam o cumprimento das ordens de Lula ainda naquela noite e estavam com forças policiais de prontidão para fazer o serviço. O general Dutra, por sua vez, insistia que não se tratava de boa ideia e defendia o adiamento da operação para a manhã seguinte. Enquanto o impasse prevalecia, militares reforçaram a segurança nas imediações do quartel-general, com direito a tanques e blindados, no que foi interpretado como um ato de rebeldia.

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