19/04/2023

SEGUNDO INQUÉRITO DA PF PCC PAGOU R$ 315 MIL AO ADVOGADO DE ADÉLIO BISPO

Advogado de Adélio Bispo recebeu R$ 315 mil do PCC, segundo inquérito da PF

Uma suposta nova apuração conduzida pela Polícia Federal desde o ano passado encontrou indícios de que a defesa de Adélio Bispo de Oliveira, autor da facada em Jair Bolsonaro (PL) em 2018, pode ter sido paga pela facção criminosa PCC, segundo informações publicadas nesta quarta (19) pelo jornal Folha de São Paulo.

A PF afirmou à Gazeta do Povo que “não se manifesta sobre investigações em andamento”. De acordo com a Folha, a nova investigação aponta que um dos advogados que defendeu Adélio, Fernando Costa Oliveira Magalhães, teria recebido pagamentos de integrantes do PCC dois anos depois do atentado contra o ex-presidente.

Magalhães negou o envolvimento e disse que os repasses têm relação com a defesa de outros clientes, não a Adélio. São, pelo menos, quatro indícios de pagamentos apontados na nova apuração, entre eles a descoberta por meio do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) de pagamentos fracionados de R$ 315 mil realizados em 2020 por pessoas supostamente ligadas à facção para uma empresa no nome do advogado.

E, ainda, um grupo de troca de mensagens entre os advogados no aplicativo WeChat com o nome “Adélio PCC”. Segundo a apuração, o grupo tinha a participação do advogado Zanone Oliveira Junior, que estava à frente da banca de defesa de Adélio, com conversas que relatavam a preocupação com o fato de Magalhães ter atuado na defesa de membros do PCC.

Na época das investigações, Zanone disse à PF que teria cobrado entre R$150 mil e R$ 300 mil caso tivesse ficado no caso até eventual chegada de recursos ao Supremo Tribunal Federal. As investigações apontaram que Adélio agiu sozinho no atentado, por insanidade mental segundo repetidos laudos psiquiátricos feitos em diversas etapas da apuração, o que o levou a ser considerado inimputável e a cumprir medidas de segurança na penitenciária federal de Campo Grande (MS).

Conclusão questionada

A conclusão do caso, no entanto, sempre foi questionada pela família do ex-presidente, que sempre aventou a tese de que Adélio teria agido a mando de alguém. A suspeita ocorreu principalmente por conta da falta de informações de quem teria bancado a defesa de Adélio.

Segundo conta a Folha de São Paulo, Zanone teria afirmado que assumiu a defesa após ter sido procurado por uma pessoa de uma igreja evangélica frequentada por Adélio, que teria adiantado R$ 5 mil em dinheiro. O contrato, no entanto, foi rompido após o caso tomar novas proporções.

Um ano depois do atentado, a PF teria interrogado fiéis que frequentavam as mesmas igrejas de Adélio, mas não encontrou indícios de financiamento dos advogados por terceiros.

"Quanto aos valores recebidos para a defesa de Adélio, tal contrato e tabulações são exclusivamente relacionadas ao Dr. Zanone Junior. Eu, Fernando Magalhães, fui convidado pelo mesmo a auxiliar na defesa, tive sério e enorme prejuízo com a causa, de ordem pessoal, familiar e financeira", disse Magalhães à Folha de São Paulo.

O advogado afirmou, ainda, que o grupo no aplicativo WeChat foi uma “galhofa impensada de um dos advogados, e, pela minha seriedade e compromisso, repreendi de imediato, vez que o tema é sério e não me parecia aceitável tal brincadeira".

A Defensoria Pública da União, que atualmente representa Adélio e exerce sua curadoria, afirmou que não foi notificada da nova investigação da PF.

Gazeta do Povo

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