16/09/2022

ESQUERDA E DIREITA: HISTÓRIA

Esquerda e direita: o que dizem história e teoria

Para se entender como os termos “esquerda” e “direita” entraram no repertório político, é necessário saber como tudo começou. Após a revolução francesa (1789), os parlamentos formados por toda a França entre 1789 e 1799 eram organizados de forma que os representantes da aristocracia se sentavam à direita e os comuns à esquerda do orador. Os aristocratas defendiam os privilégios da aristocracia, da igreja e a sociedade de classes que existia no antigo regime, ou seja, eram conservadores no sentido de manter as estruturas sociais vigentes até então. Já os que se sentavam à esquerda representavam os interesses da burguesia, a classe que estava pagando a conta da aristocracia e da igreja, mas que até aquele momento não tinha poder político. Entre os seus interesses estavam o republicanismo, o secularismo e o livre mercado, que iam ao encontro de seus objetivos para fortalecer o comércio e retirar os privilégios das classes que até então dominavam a política. Naquele contexto, trabalhadores, camponeses e pobres em geral não eram representados nessas assembleias e a ideia de democracia ainda era bastante restrita. Não deixa de ser irônico que os primeiros representantes da esquerda tenham sido capitalistas burgueses!

Nesse momento da história, o foco da discussão política estava na divisão de classes e nos privilégios econômicos e políticos existentes, mas com o avanço do liberalismo político e o reconhecimento da ideia de que todos os cidadãos devem ser iguais perante a lei, esses antigos sistemas de classes, com direitos transferidos hereditariamente, sucumbiram ou diminuíram de importância. Mesmo em sociedades oficialmente classistas, como o Reino Unido, a nobreza teve os seus privilégios tão esvaziados ao longo do século XX que hoje quase não constituem uma vantagem.

(Entenda-se “classe” aqui como grupos que possuem direitos e deveres diferentes perante a lei, como a nobreza ou o clero, por exemplo, e não classes sociais do ponto de vista econômico.)

A política desta época ainda não tinha a influência de ideias como o socialismo ou comunismo – Karl Marx (1818 – 1883) nem havia nascido ainda. O capitalismo industrial ainda estava em sua infância – lutando para substituir o capitalismo mercantilista – e os sindicatos de operários urbanos estavam longe de surgir. Mas isto estava prestes a mudar. O século XIX trouxe enormes avanços na industrialização, os centros urbanos cresceram muito e o capitalismo liberal se desenvolveu. Foi um tempo de profícua produção de ideologias dos mais diversos tipos, que teriam impactos imensos no século seguinte. Uma das ideologias que tiveram mais influência no cenário político foram o socialismo e o comunismo concebidos por Karl Marx, e que serviram de base a muitos movimentos operários e ao surgimento dos sindicatos urbanos. Com o passar do tempo o socialismo deu origem a diversas vertentes, entre elas a social democracia. Nesse momento, o foco da discussão política passou a ser as disputas entre o capital e a força de trabalho.

Em seguida, o século XX testemunhou o sufrágio universal (ou seja, a ideia de que todos podem votar), a expansão de outros setores da economia que não a indústria e o fortalecimento das democracias liberais no mundo, inclusive das sociais democracias, que equacionaram em parte as disputas entre capital e força de trabalho. A política passou a ter como questões predominantes o papel do Estado na sociedade e na economia e quais valores políticos devem ser promovidos, o que impacta diretamente nas discussões de esquerda e direita.

Você também pode aprender sobre este assunto através do nosso infográfico, confira:

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