06/06/2022

ESPAÇO DO LEITOR



SÍNDROME DO IMPERADOR: Diagnosticado nos fins do século XX por psiquiatras europeus e que, em sua origem, foi observada apenas no comportamento voluntarioso de certas crianças dentro do círculo familiar. Esta síndrome decorre basicamente do comportamento narcísico dos pais, que através de uma postura “neuro-ótica” e, de certa forma, doentia, passam a acreditar na ideia de que têm a obrigação de fazer seus filhos felizes a qualquer custo, e acabam com esta superproteção criando um mundo em torno da criança onde a frustração ou quaisquer tipos de obstáculos da vida desaparecem como por um passe de mágica, dando a eles a falsa sensação que devem e podem fazer tudo, protótipos de adultos mirins. Dessa maneira, os pais vão dando vida aos pequenos tiranos, que ao abusarem de seus pais sem a menor consciência, os tornam suas primeiras e principais vítimas, desta feita," o pequeno tirano" fica impedido de crescer, haja vistas que os próprios pais os afastam do enfrentamento às múltiplas contrariedades reais apresentadas pela vida, com isto permitindo que ele passe a praticar perversidades com outros membros familiares dentre as tais: Abusar e ser abusado sexualmente, agressão ao pais, desobediência aos professores e as normas escolares e etc. E que estas se estendam ao longo dos tempos para o seu "convívio social" onde estará fadado a exercer o papel do eterno adulto infantil. Ao que percebo, isto vem tendo seus reflexos negativos notados agora também em muitos setores da sociedade e sobretudo dentro dos governos e da política. Infelizmente os que sofrem da SÍNDROME DO PEQUENO IMPERADOR, se não tratados em tempo hábil, ainda quando crianças, quando adultos, substituem institivamente a sua solidão afetiva pela crença de que ele é o centro das atenções e que os adultos amadurecidos estão ao seu redor para satisfazer todas as suas exigências. Esses adultos-mirins, não são capazes de esperar, criar, negociar, ceder ou de admitir seus próprios erros, quando ocupam setores da vida adulta se transformam num verdadeiro veneno social principalmente quando chegam a ocupar cargos públicos eletivos. E é aí que o perigo mora. EXATAMNETE PORQUE, QUEM SE VER COMO O CENTRO DAS ATENÇÕES,NECESSITA DE SER SERVIDO E NÃO TEM APTIDÃO PSCOLÓGICA PARA SERVIR e provavelmente na condução de assuntos de grande importância para toda a sociedade, culminam em atitudes que deixam transparecer sinais de que se tratam de adultos com comportamento infantil e birrento e que não admitem contestações, são intransigentes e não cedem a argumentos mesmo quando estão diante de fatos indiscutíveis e até mesmo em alguns casos, quando alçados a posições em que lhes permitem criar ou executar leis, não se intimidam em criá-las ou impô-las, visando objetivamente dar proeminência a si e aos seus grupos de apoio. Tem sido cada vez mais comum associar o comportamento de certos políticos com a SÍNDROME DO IMPERADOR. Sem dúvidas, se fizermos um apanhado mais atento na biografia de algumas dessas destacadas autoridades da atualidade veremos que muitas dessas lideranças que aí estão, conduzindo os destinos de municípios e estados, apresentavam, desde a infância, características fortes e marcantes que compõem o perfil do indivíduo com a Síndrome do Imperador. Não é por outro motivo que muitas prioridades da sociedade passam a ser subordinadas às prioridades do grupo dominante e intransigente. Assim é que esses “imperadores” começam a reivindicar também o monopólio da força, dentro de princípios de relações antagônicas que reduzem o Estado ao choque de amigos contra inimigos, como num jogo de disputa infantil. A política para esses novos imperadores se resume numa guerra constante. Com isso, a própria atividade política perde seu mais alto e maduro objetivo que é o espírito republicano. O pior, é que a ausência de um comportamento equilibrado passa a ter influência negativa sobre a sociedade, já que a ética da vida pessoal passa a se estender à ética do Estado. De fato, parece que estamos vivendo num mundo cada vez mais infantilizado e isso é perigoso, já que o bem comum passa a ficar em segundo plano, prevalecendo tão somente o desejo do poder desses imperadores modernos.

Murilo Ferreira de Araújo

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